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Governo pede que população boicote 'jornais burgueses'

Presidente convoca povo para protestar nas ruas contra reportagens feitas por publicações de tendência oposicionista

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Por Redação
Atualização:

CARACAS - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu na quinta-feira, 14, que a população não compre "jornais da burguesia", acusando a imprensa de publicar reportagens tendenciosas para desequilibrar o cenário político do país.

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"Que o povo decente, patriota, que está reagindo a essas medidas não compre esses jornais porque são eles que defendem a burguesia parasitária", afirmou, ao exibir a primeira página do diário El Universal que estampava uma manchete destacando o desabastecimento no país - segundo o Banco Central da Venezuela, a falta de produtos da cesta básica venezuelana chega a 22,4%.

Maduro também pediu que o povo vá às ruas protestar contra a ala oposicionista da imprensa. "Até quando continuarão a atacar a Venezuela de maneira impune?", questionou, antes de mostrar a capa dos jornais El Mundo e Diario 2001.

A reação do governo venezuelano contra jornalistas opositores tem se intensificado nos últimos meses. Em outubro, Maduro pediu a prisão de funcionários do Diario 2001 depois da publicação de uma nota que apontava uma suposta escassez de gasolina em Caracas. No começo do mês, outros dois jornalistas e um fotógrafo da mesma empresa foram detidos por algumas horas durante a cobertura de uma feira popular de Natal, organizada na capital.

PAPEL

Também na quinta-feira, o jornal El Impulso anunciou que pode ficar sem papel-jornal nos próximos dias, já que há mais de um ano o governo não repassa dólares para que a empresa compre o insumo.

"Não temos mais capacidade de imprimir no padrão que fazemos", disse o presidente do jornal, Carlos Eduardo Carmonare, que já teve tamanho reduzido de 44 para 28 páginas.

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"Estamos recebendo um tratamento distinto. Fizeram diversas solicitações, diferentes de documentos para termos acesso ao dinheiro", afirmou Carmona. O jornal circula no Estado de Lara e tem tiragem entre 56 e 83 mil exemplares. / AFP e AP

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