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Governo português enfrenta censura por apoiar guerra

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro português, José Manuel Durão Barroso, enfrentará uma moção de censura no Parlamento devido à sua intransigente posição pró-americana, expressada na cúpula em Açores sobre o Iraque, anunciou hoje o principal partido de oposição. O Partido Socialista afirmou ser "ilegítimo vincular Portugal a uma guerra que desrespeita a lei internacional". A coalizão de centro-direita de Durão Barroso tem uma pequena maioria no Parlamento e provavelmente sobreviverá à moção de censura, mas o desafio da oposição é mais um sinal do profundo descontentamento, em Portugal, com a decisão do governo de se alinhar com os Estados Unidos na crise iraquiana. "O primeiro-ministro não deveria colaborar com uma escalada contra a vontade da comunidade internacional", afirmou o líder socialista Eduardo Ferro Rodrigues. "O governo está envolvendo o país numa guerra com a qual os portugueses não concordam". Ferro Rodrigues disse que seu partido também irá pedir ao parlamento para rever o uso, por parte dos EUA, da base áerea de Lajes, em Açores, onde a cúpula foi realizada no domingo, e que tem servido como posto de abastecimento de aviões americanos rumando para o Golfo Pérsico. Apesar da pequena possibilidade de o governo ser derrubado, cresce a preocupação, no país de 10 milhões de habitantes, com a posição pró-EUA do governo, que colocou Portugal em confronto com poderosas nações da União Européia, como a França e Alemanha. O jornal Público tem advertido que o antagonismo com Paris e Berlim pode colocar em risco bilhões de euros em ajuda do bloco europeu que têm sido vitais para estruturar a economia de Portugal, desde que o país uniu-se à UE em 1986. O diário de Lisboa avisou que a mensagem da UE a Portugal pode ser "na próxima vez que quiser dinheiro, vá pedir a Bush". Cerca de 300 pacifistas reuniram-se no lado de fora da residência do primeiro-ministro, aguardando a volta de Durão Barroso da cúpula de Açores. Muitos carregaram cartazes com um desenho que se tornou familiar nas manifestações em todo o país - mostrando um Durão Barroso com uma revólver na mão, vestido como Tio Sam tendo ao fundo as estrelas e faixas da bandeira americana. A opinião pública em Portugal é fortemente contrária à guerra. O sentimento pacifista é generalizado na Europa, onde milhões de pessoas manifestaram-se pela paz nas últimas semanas. Apesar disso, Durão Barroso anunciou em Açores: "Se houver um conflito, quero dizer novamente que Portugal estará junto com seus aliados".

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