08 de abril de 2008 | 13h42
O vice-presidente do Quênia, Kalonzo Musyoka, afirmou nesta terça-feira, 8, que o partido do presidente Mwai Kibaki e seus aliados apóiam a proposta de oposição de dissolver o gabinete e permitir a formação de um novo grupo de ministros. Segundo Musyoka, o Partido da Unidade Nacional e seus aliados apóiam a proposta porque querem garantir que um novo gabinete seja formado logo. Veja também: Oposição suspende negociações com governo no Quênia O anúncio veio à tona apenas algumas horas depois de o principal partido de oposição a Mibaki ter anunciado a suspensão das negociações em torno de um acordo de partilha de poder até que Kibaki dissolvesse seu gabinete e aceitasse negociar a formação de um novo governo dividido igualmente. Parlamentares leais a Kibaki "opinaram que as mãos do presidente devem estar totalmente desatadas para que ele possa formar um gabinete que possa servir bem esse país", disse o vice-presidente depois de uma reunião com os legisladores. A suspensão das negociações foi anunciada nesta terça pelo secretário-geral do principal partido de oposição ao governo do Quênia. Anyang Nyongo, o secretário-geral do Movimento Democrático Laranja, disse que seu partido exigia que o presidente Mwai Kibaki dissolvesse o atual gabinete e negociasse um novo governo igualmente dividido ao meio entre situação e oposição. Segundo Nyongo, o Movimento Democrático Laranja busca posições mais elevadas no governo e pretende negociar não apenas os ministérios, mas também postos diplomáticos, tudo dividido igualmente. Ainda de acordo com o secretário-geral, "isso também significa que o poder Executivo deve ser partilhado" entre Kibaki e o primeiro-ministro designado Raila Odinga. A partilha de poder é prevista por um acordo mediado pelo ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan e fechado em fevereiro. "Nós suspendemos as negociações até que essas condições sejam cumpridas", disse Nyongo a jornalistas em Nairóbi depois de uma reunião entre parlamentares e delegados do partido. A oposição não se pronunciou depois do anúncio do vice-presidente queniano. A crise no Quênia começou no fim do ano passado, quando tanto Odinga como Kibaki declararam-se vencedores das eleições presidenciais realizadas em 27 de dezembro. Observadores locais e estrangeiros consideraram que a fraude eleitoral foi tamanha que seria impossível saber ao certo quem venceu. A incerteza deu início a semanas de violência política durante as quais mais de mil pessoas morreram e cerca de 600 fugiram de suas casas. O pacto mediado por Annan controlou a violência, mas a demora na implementação do acordo de partilha de poder tem causado frustração tanto entre os quenianos quanto entre observadores estrangeiros que acompanham atentamente a situação num país que até o ano passado era elogiado como um dos mais estáveis e democráticos da África.
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