Governo quer incluir Shalit em acordo

Israelenses propõem que o soldado seja solto em troca de mil prisioneiros

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Por Gustavo Chacra
Atualização:

O destino de Guilad Shalit vem há dois anos e meio emocionando a população de Israel, que torce por seu retorno. Soldados, pais, irmãos, todos se espelham no militar israelense que foi capturado em junho de 2006 pelo Hamas e até hoje é mantido prisioneiro sem o direito de receber visitas até mesmo de organizações humanitárias como a Cruz Vermelha. Com o fim do confronto na Faixa de Gaza e as negociações com o Hamas para o cessar-fogo, o governo em fim de mandato do primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, decidiu investir todos seus esforços na libertação de Shalit. O soldado seria solto como parte do acordo de trégua, em troca da abertura das fronteiras entre Israel e Gaza e da libertação de 1.000 prisioneiros palestinos, entre eles 350 de uma lista do Hamas. Entre os libertados estariam deputados da organização islâmica que foram eleitos para o Parlamento palestino e até mesmo ministros. A figura mais relevante que deve ser incluída no grupo de libertados é Marwan Barghouti, líder da ala jovem do Fatah e considerado o político palestino mais popular. Fluente em hebraico, Barghouti agrega tanto a ideologia de resistência do Hamas quanto o caráter secular do Fatah, e também é aberto a negociações com israelenses. A dificuldade para um acordo estaria em quatro nomes que o Hamas exige que sejam incluídos, segundo reportagem dos diários árabes publicados em Londres Al-Quds al-Arabi e Al-Sharq al-Awsat. Eles são os integrantes do Hamas Abdullah Barghouti (parente de Marwan), Ibrahim Hamad e Abbas Sayed, além do líder da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), Ahmed Saadat. Para os israelenses, é complicado libertá-los, pois eles estão envolvidos em atentados que marcaram a sociedade de Israel, como o da pizzaria Sbarro, no centro de Jerusalém, onde um brasileiro morreu; o da lanchonete da Universidade Hebraica; e o assassinato de um ministro. Israel não confirma a informação, apesar de manter a negociação indireta com a mediação do Egito, no Cairo. Membros do governo israelense disseram no fim de semana que um acordo pode ocorrer em semanas, justamente no período entre o fim do governo de Olmert e o início da próxima administração. A libertação de Shalit é uma questão de honra para os israelenses. Israel nunca mede esforços para trazer de volta militares que foram feitos prisioneiros em outro país. No ano passado, o governo israelense concordou em libertar o assassino Samir Quntar, entre outros prisioneiros, para receber de volta os corpos dos soldados que haviam sido capturados e mortos em 2006 pelo grupo xiita libanês Hezbollah. Ao aceitar essas trocas, Israel deixa claro a seus soldados que nunca os abandonará no campo de batalha, o que lhes dá motivação para operações como a recente ofensiva na Faixa de Gaza. Por outro lado, também incentiva organizações como o Hamas e o Hezbollah a tentar capturar israelenses para negociar a libertação de prisioneiros em troca.

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