Governo sírio ameaça usar armas químicas

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Por ANDREI NETTO e BEIRUTE
Atualização:

A chancelaria da Síria, por meio do porta-voz Jihad Makdessi, ameaçou ontem usar armas químicas em caso de uma intervenção externa no país, como a que ocorreu na Líbia. A tensão na região aumentou ainda mais após o Líbano acusar o Exército sírio de invadir seu território. A preocupação com as armas químicas da Síria vem crescendo desde o fim de semana, quando os serviços secretos dos EUA e de Israel identificaram o deslocamento do arsenal no interior do país. A preocupação é a de que, em caso de colapso do regime, o armamento vá para o Líbano e seja repassado ao Hezbollah, grupo xiita apoiado por Assad. "Nenhuma arma química ou não convencional será jamais utilizada contra nossos próprios cidadãos", afirmou Makdessi. "Elas só serão utilizadas caso a Síria enfrente uma agressão estrangeira." As declarações provocaram uma onda de críticas nos EUA e na Europa. Em Bruxelas, o chanceler britânico, William Hague, definiu as ameaças como "intoleráveis". "É inaceitável dizer que eles poderiam usar armas químicas por qualquer razão que seja", disse Hague.A situação das fronteiras da Síria também preocupa. Depois da disputa por postos fronteiriços na Turquia, no Iraque e na Jordânia, o presidente do Líbano, Michel Suleiman, protestou ontem contra a invasão do território do país em diferentes momentos no fim de semana. Ontem, os combates continuaram nas duas maiores cidades da Síria. As Forças Armadas dizem ter retomado o controle de todos os bairros de Damasco. Segundo a agência Sana, os militares teriam recuperado lançadores de foguetes, fuzis, metralhadoras e equipamentos de comunicação usados pelos rebeldes no bairro de Mezzeh, um dos mais ricos da cidade. Na periferia, o movimento insurgente também teria sido derrotado. Já em Alepo, segunda cidade do país, a situação seria inversa. Os bairros de Sahour e de Hanano registravam intensos combates. Ainda há embates em Homs, Idlib, Deraa, Rastane e outras cidades pequenas e médias. As pressões contra Assad continuaram ontem. A Liga Árabe pediu a imediata renúncia do presidente em troca de asilo. Em resposta, o regime recusou a oferta e classificou a proposta de "hipócrita".

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