BEIRUTE - O primeiro comboio de ajuda humanitária que chegava à região de Ghouta Oriental não conseguiu terminar sua missão em razão dos bombardeios das forças do governo sírio, afirmou um conselho local nesta terça-feira, 6.
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O carregamento era o primeiro a entrar na região após semanas de ataques, em meio a uma ofensiva do governo que já deixou centenas de mortos desde o dia 18.
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O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) confirmou que sua caravana junto à das Nações Unidas teve de se retirar da área antes de descarregar as mercadorias quando a situação se agravou.
A maior parte da ajuda levada por 46 caminhões seria entregue em Duma, em Ghouta Oriental, indicou o porta-voz da CICV, Ingy Sedky. Contudo, a missão terminou antes que se pudesse descarregar os suprimentos.
Nove caminhões tiveram de abandonar a área quando os bombardeios do governo se intensificaram à tarde, explicou Iyad Abdelaziz, membro do Conselho Local de Duma. Ao menos 50 civis morreram na segunda-feira em Ghouta Oriental.
O governo sírio, respaldado pelo Exército russo, não parece diminuir sua ofensiva sobre a castigada região, mesmo com a resolução do Conselho de Segurança da ONU aprovada no dia 25 que exigia um cessar-fogo de 30 dias.
O comboio que chegou a Duma levava apenas uma fração da ajuda necessária para as aproximadamente 400 mil pessoas presas pelos bombardeios do governo. Ele transportava alimentos para 27,5 mil pessoas, segundo as Nações Unidas.
A organização afirmou que o governo sírio obrigou a descarregar 70% dos suprimentos médicos, incluindo equipamentos de cirurgia e insulina, antes de permitir que a comitiva entrasse em Ghouta Oriental.
A ONU disse ainda que planeja enviar outro comboio de ajuda humanitária à região ainda nesta terça-feira. “Depois de quase nove horas, a decisão de deixar o local foi tomada por razões de segurança”, disse Jens Laerke, do escritório de coordenação de assuntos humanitários das Nações Unidas.
Rússia
As Forças Armadas russas ofereceram a rebeldes sírios uma passagem segura para deixar a região de Ghouta Oriental, delineando um acordo sob o qual a oposição entregaria seu último grande reduto perto de Damasco ao presidente da Síria, Bashar Assad.
O Ministério de Defesa da Rússia disse que os rebeldes podem deixar a região - onde forças do governo apoiadas por Moscou estão avançando rapidamente por meio de ataques violentos - com suas famílias e armas pessoais através de um corredor seguro.
A proposta russa não especificou para onde os rebeldes iriam, mas os termos se assemelham a acordos anteriores, sob os quais os insurgentes cederam terreno a Assad e receberam passagem segura para outros territórios controlados pela oposição perto da fronteira com a Turquia.
“O Centro de Reconciliação Russo garante a imunidade de todos os combatentes rebeldes que tomarem a decisão de deixar Ghouta Oriental com armas pessoais e junto a suas famílias”, disse o Ministério da Defesa em um comunicado. / AP e REUTERS