Governo sudanês firma acordo de paz com rebeldes do Leste

Acordo de paz é o terceiro firmado pelo governo, com diferentes grupos rebeldes, depois do assinado com o Exército Popular de Libertação do Sul, que pôs fim a 23 anos de guerra

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governo sudanês assinou neste sábado um acordo de paz com a Frente do Leste, que agrupa vários movimentos rebeldes desta área do país, mas que não registrava grande atividade nos últimos anos. Em transmissão ao vivo pela TV, o acordo foi assinado em Asmará, capital da Eritréia, já que o governo eritreu auspiciou as conversas de paz entre Cartum e a Frente do Leste, que luta para melhorar a situação de marginalização e pobreza na qual vive a região oriental do Sudão. O texto foi assinado pelo presidente sudanês, Omar Hassan Ahmad al-Bashir, e por Moussa Mohamad Ahmad, em representação da Frente do Leste, sendo assistido pelo presidente da Eritréia, Isaias Afeworki, e pelo secretário-geral da Liga Árabe, Amre Moussa. O acordo, alcançado após cinco meses de negociações, prevê, entre outros pontos, a distribuição do poder e dos recursos naturais, um cessar-fogo, a derrogação do estado de emergência no leste do país e o futuro dos combatentes. Este acordo de paz é o terceiro firmado pelo governo de Cartum, de orientação islâmica, com diferentes grupos rebeldes, depois do assinado com o Exército Popular de Libertação do Sul, que pôs fim a 23 anos de guerra aberta, e do subscrito recentemente com um grupo de Darfur, embora este não tenha sido respeitado. Com o ato deste sábado, também se põe fim às tensões entre Cartum e Asmará, já que o governo sudanês acusou com freqüência o eritreu de dar cobertura aos rebeldes do Leste, e considerou que esse era um comportamento hostil de seu vizinho. Apesar da assinatura do acordo, o principal conflito que aflige o Sudão, o de Darfur, segue sem dar sinais de calmaria: o governo se nega categoricamente a admitir tropas internacionais da ONU, opondo-se assim à aplicação da resolução 1706 do Conselho de Segurança e às pressões crescentes dos EUA. Durante a cerimônia de assinatura, Al-Bashir disse que o acordo é um bom exemplo de como é possível chegar "à solução de um problema africano entre africanos e sem tutela estrangeira".

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