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Governo Trump autoriza entrada de 872 refugiados 'em trânsito' 

Refugiados preparando para realocação normalmente têm diversos laços pessoais com o país para onde são transferidos e já abandonaram todos os seus pertences, ficando em uma situação particularmente vulnerável se os planos são subitamente cancelados

Atualização:

WASHINGTON - O governo americano garantiu a entrada de 872 refugiados que estavam a caminho do país esta semana, apesar do decreto do presidente Donald Trump, de sexta-feira, que bane temporariamente a entrada desse grupo de pessoas de qualquer país. A exceção foi publicada em um documento do Departamento de Segurança Interna ao qual a agência Reuters teve acesso. 

Durante protesto contra a detenção de refugiados no aeroporto JFK, em Nova York, americana segura cartaz com os dizeres 'Refugiados bem-vindos' sobre a inscrição EUA Foto: AP Photo/Craig Ruttle

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Uma fonte do departamento, que falou em condição de anonimato, confirmou a exceção, considerando que os refugiados estavam "em trânsito" e já tinham garantido o direito de serem reassentados antes da proibição entrar em efeito. 

Refugiados preparando para realocação normalmente têm diversos laços pessoais com o país para onde são transferidos e já abandonaram todos os seus pertences, ficando em uma situação particularmente vulnerável se os planos são subitamente cancelados. 

Essas pessoas, que já receberam a autorização dos Departamentos de Estado e de Segurança Interna, entraram em voga em meio aos protestos internacionais contra a ordem executiva de Trump. Críticos da medida dizem que ela, em alguns casos, não foi comunicada claramente às agências responsáveis em aplicá-las. 

Não estava claro se mais refugiados estão nessa condição, segundo o funcionário americano. O documento não diz de quais nacionalidades são os refugiados que serão admitidos nos EUA. 

No fim de semana, visitantes não refugiados de sete países de maioria muçulmana atingidos diretamente pelo decreto de Trump foram detidos, deportados e, em alguns casos, proibidos de viajar para os EUA. Os países cujos cidadãos não poderão entrar nos EUA são Iraque, Irã, Síria, Sudão, Somália, Líbia e Iêmen. 

O documento interno explica que, entre sexta-feira e a manhã de segunda-feira, 348 visitantes com visto de entrada foram impedidos de embarcar para voos com destino os EUA. Além deles, mais 200 pessoas aterrissaram em território americano, mas tiveram negada a entrada. 

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Mais de 730 pessoas foram questionadas pelas autoridades de imigração americanas nos aeroportos, além das entrevistas regulares, incluindo 394 cidadãos com residência permanente nos EUA que têm o green card, no mesmo período. 

Trump disse que a ordem executiva assinada na sexta-feira foi pensada para "proteger" os EUA da "entrada de terroristas estrangeiros". Ela proíbe a admissão de qualquer refugiado por 120 dias enquanto o governo determina como pode "assegurar" que os refugiados admitidos não representem uma ameaça. 

Os 872 refugiados a serem admitidos esta semana foram entrevistados e aprovados em procedimentos da administração Obama, com um típico processo de dois anos que inclui diversas entrevistas e checagem de antecedentes. 

O Departamento de Segurança Interna afirmou no domingo que aqueles que possuem o green card serão, agora, autorizados a embarcar para os EUA, mas poderão ter de passar por revistas e entrevistas adicionais na chegada ao país. 

Uma orientação do departamento esclarece que os casos de requerentes dos sete países afetados pela medida serão avaliados um por um. 

Congressistas democratas e governos estrangeiros, incluindo aliados americanos, têm pressionado Trump sobre o decreto. Senadores democratas tentaram forçar o voto de um projeto de lei para rescindir a ordem, mas foram bloqueados por republicanos. / REUTERS

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