WASHINGTON - O governo americano postou recomendações controvertidas sobre os testes de detecção do coronavírus no site da agência de saúde dos Estados Unidos, relatou o jornal The New York Times, na quinta-feira, 17.
As diretrizes, que garantiam que não era necessário testar pessoas assintomáticas que haviam sido expostas à covid-19, foram criticadas ao serem publicadas no mês passado.
Nesta sexta-feira, após a publicação da reportagem, o site dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDCs) reverteu a recomendação.
À época, especialistas em saúde pressionavam pela realização de mais testes para ajudar a rastrear e a controlar a disseminação do coronavírus. Nos EUA, chega a quase 200 mil o número de mortos por covid-19.
O jornal disse que a recomendação polêmica foi postada no site dos CDCs, "apesar de suas sérias objeções". Nesse sentido, o Times cita documentos internos desses centros e declarações de funcionários anônimos familiarizados com o assunto.
"O Departamento de Saúde e Serviços Humanos reescreveu (a norma) e então 'postou' no site público do CDC, contornando o processo de revisão científica estrito da agência", noticiou o jornal.
Uma autoridade federal disse ao New York Times que o documento saiu do Departamento de Saúde e Serviços Humanos e da Força-Tarefa da Casa Branca para o Coronavírus. "Essa política não reflete o que muitas pessoas no CDC acham que a política deveria ser", frisou o funcionário.
O New York Times relatou que especialistas em saúde do CDC levantaram "sérias objeções" ao documento, observando que ele continha "erros elementares", bem como recomendações "inconsistentes" com o conselho do órgão, contou um cientista dessa instituição, sob a condição de anonimato.
O jornal garante que, no momento da publicação das diretrizes, funcionários do governo disseram que "o documento era produto do CDC e foi revisado com informações do diretor da agência, Robert Redfield".
Na alteração publicada hoje, a frase anterior, que sugeria que pessoas assintomáticas que tiveram contato próximo com um indivíduo infectado “não precisam necessariamente de um teste”, agora as instrui claramente: “Você precisa de um teste”.
Os especialistas saudaram a mudança como consistente com pesquisas que mostram que pessoas sem sintomas podem espalhar o vírus para outras. “É bom ver a ciência e as evidências ocupando um lugar de destaque para uma mudança”, disse Scott Becker, presidente-executivo da Associação dos Laboratórios Públicos de Saúde./EFE e NYT