Governo venezuelano ameaça usar armas para proteger processo eleitoral da Constituinte

Ministro da Defesa acusa a oposição de 'alimentar células terroristas' no país

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Por Redação
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CARACAS - O ministro de Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, declarou nesta sexta-feira que a oposição alimenta "células terroristas" no país. Ao mesmo tempo, ele advertiu que serão usadas "as armas da República", se for necessário" contra os que ameaçarem a vida dos cidadãos.

Ele fez a declaração em meio ao lançamento do plano de segurança do processo eleitoral da Assembleia Constituinte, que será realizada dia 30. "Temos um plano concebido para responder a qualquer ameaça. Vamos garantir que no dia 30 o povo saia para exercer seu direito ao voto, em plena democracia", afirmou Padrino.

Vladimir Padrino, ministro da Defesa da Venezuela, anuncia plano de segurança para a Constituinte Foto: EFE

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O Plano República que foi ativado nesta sexta-feira permitirá a segurança do material eleitoral e dos centros de votação que serão usados na eleição da Assembleia Constituinte. Padrino López explicou que foram enviados 232 mil membros das Forças Armadas aos 14.515 centros de votação para garantir o direito ao sufrágio.

O confronto entre os poderes públicos na Venezuela intensificou-se nesta sexta-feira com a decisão da Assembleia Nacional, de maioria opositora, de nomear 13 magistrados e 20 suplentes para substituir os magistrados do Tribunal Supremo de Justiça eleitos em dezembro de 2015 pelo Parlamento anterior, de maioria chavista.

O presidente do Legislativo, Julio Borges, disse que a nova corte faz parte da "mudança que ocorrerá logo" na Venezuela, com uma "justiça a serviço do povo e não de uma parcialidade política"

A resolução que nomeou uma instância paralela foi imediatamente declarada nula pela Sala Constitucional do TSJ, para quem a Assembleia permanece em "desacato". Há mais de um ano, a corte máxima declarou o Congresso em desacato por manter nos cargos três deputados cujas eleições tinham sido impugnadas e anulou mais de 50 leis e acordos aprovados pela maioria opositora.

Segundo o presidente da Sala Constitucional, Juan Mendoza, as 33 pessoas designadas como magistrados incorreram de "modo flagrante" nos delitos de "usurpação de funções" e "traição à pátria".

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O TSJ pediu às autoridades civis e militares que adotem as "ações de coerção" para "manter a paz e a segurança", disse Mendoza, sem dar mais detalhes ou esclarecer se havia ordenado a detenção dos magistrados nomeados pela oposição.

A aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) nomeou os magistrados como psrte do plano "Hora 0", que ativou esta semana para intensificar as pressões contra o governo do presidente Nicolás Maduro e sua iniciativa deeleger uma Assembleia Constituinte no dia 30.

A oposição realizou na quinta-feira uma greve geral, que teve grande adesão, menos a de setores controlados pelo chavismo, como a indústria petrolífera e o serviço público.

Apesar da tensão política, a pressão de vários países e ameaça dos EUA de adotar sanções contra a Venezuela, Maduro se mantém determinado em realizar a Constituinte. O número de mortos ligados direta ou indiretamente à onda de protestos contra Maduro e sua Constituinte, iniciada em 1.º de abril, chegou ontem a 103, após a morte de mais 5 pessoas entre ontem e a noite de quinta-feira./ EFE, AFP e AP

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