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Grã-Bretanha anuncia corte de 8% no orçamento para defesa

A redução, até 2015, não deve afetar as operações da Grã-Bretanha no Afeganistão.

Por BBC Brasil
Atualização:

Premiê prometeu aos EUA que manteria 'prioridades de segurança' O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou nesta terça-feira a revisão da estratégia britânica de defesa, que inclui um corte de 8% no orçamento para o setor em quatro anos. Em discurso no Parlamento, Cameron disse que, até 2015, serão eliminados 7 mil soldados do Exército, 5 mil da Força Aérea, 5 mil da Marinha e 25 mil empregados civis do Ministério da Defesa. Os cortes são parte de uma série de reduções de custos prevista pelo governo Cameron para controlar o alto déficit público britânico. O premiê ressaltou que busca a eficiência, mas que a estratégia não é apenas "um exercício de corte de custos" e que a Grã-Bretanha continuará a ser "um dos poucos países capazes de empregar forças autossustentáveis, devidamente equipadas" em todo o mundo. "Nossas forças em terra continuarão a ter um papel operacional vital", discursou Cameron. "Então, manteremos um Exército amplo e bem equipado, de 95 mil homens, 7 mil a menos do que hoje", até 2015. No seu pronunciamento, Cameron ressaltou também que a participação da Grã-Bretanha na Guerra do Afeganistão - que é financiada separadamente, por meio de um fundo de reserva do Tesouro britânico - não será afetada pelos cortes. Economia A revisão prevê também o retorno, até 2020, das tropas americanas alocadas na Alemanha, além de cortes de ativos considerados "desnecessários" e a renegociação de contratos com a indústria bélica. Tanques e a artilharia pesada devem ser reduzidos a 40% do nível atual, mas a cibersegurança vai receber investimentos de 500 mil libras. O sistema de mísseis nucleares britânico será substituído, mas também reduzido: o número de ogivas deve cair de 58 para 40. A promessa do premiê é de que as mudanças resultarão em uma economia de 4,7 bilhões de libras (R$ 12,5 bilhões). Cameron disse, no entanto, que os cortes não impedirão que o país cumpra a meta da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de gastar 2% do orçamento total em defesa nem de manter seu Exército como o quarto maior do mundo. Preocupações A perspectiva de cortes na defesa vinha provocando temores nos Estados Unidos, que têm na Grã-Bretanha seu principal aliado na Guerra do Afeganistão. Na semana passada, a secretária de Estado, Hillary Clinton, disse que Washington estava "preocupado" com a escala dos cortes de defesa. Um porta-voz de Downing Street relatou que Cameron conversou com o presidente americano, Barack Obama, na segunda-feira e prometeu que a Grã-Bretanha "seguirá sendo uma potência militar de primeira e uma robusta aliada dos Estados Unidos" e que continuará a trabalhar com o país "nas prioridades de segurança atuais". A coalizão de conservadores e liberais democratas que governa a Grã-Bretanha está tendo que administrar um déficit público de 154,7 bilhões de libras (cerca de R$ 411 bilhões), o terceiro maior do mundo, o que está motivando reduções nos gastos estatais. Neste mês, ele já havia anunciado outros cortes, como o fim de um auxílio dado para as famílias mais ricas para ajudar a criar seus filhos. A revisão anterior no orçamento da defesa ocorrera há mais de uma década, então já era esperada. No entanto, o governo Cameron foi criticado pela oposição trabalhista por tê-la feito em muito pouco tempo - apenas cinco meses. A revisão de 1998 levou mais de um ano para ser completada. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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