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Grã-Bretanha quer obrigar desempregados a prestar serviços comunitários

Governo quer impedir que beneficiários vivam do seguro-desemprego ou realizem bicos enquanto recebem o pagamento.

Por BBC Brasil
Atualização:

Grã-Bretanha tem alta taxa de domicílios sem adultos trabalhando O governo britânico vai propor que trabalhadores desempregados há mais de um ano sejam obrigados a prestar serviços comunitários voluntários sob pena de perder o direito a benefícios. O ministro do Trabalho e Aposentadoria, Iain Duncan Smith, quer que beneficiários do seguro-desemprego por longos períodos dediquem um mês de sua mão-de-obra a tarefas como jardinagem, coleta de lixo e reparos em escolas. As propostas são parte do pacote de reformas no sistema de bem-estar social da Grã-Bretanha promovidas pelo governo de coalizão conservadora-liberal-democrata. Cerca de 5 mil de pessoas são beneficiadas pelo seguro-desemprego na Grã-Bretanha, onde o número de famílias sem trabalho é uma das maiores da Europa. A estimativa é que 1,9 milhão de crianças vivam em domicílios onde nenhum residente tem trabalho. O governo alega que quer impedir que os desempregados vivam às custas do tesouro e que beneficiários do seguro-desemprego realizem bicos não-declarados mesmo recebendo o pagamento. "Uma coisa que podemos fazer é mobilizar as pessoas para realizar uma ou duas semanas de trabalho manual, para dá-las um senso de que estão trabalho, mas também quando suspeitarmos de que essas pessoas estão fazendo outros trabalhos", disse Duncan Smith. "A mensagem é que elas se mexam, ou vai ser difícil." Se não aceitarem o esquema ou demonstrarem negligência ao realizar os trabalhos, os beneficiários poderiam ter suspenso por três meses o pagamento do seu seguro-desemprego, que equivale a R$ 175 por semana (65 libras esterlinas). Entretanto, a proposta levantou as críticas de outra parte da sociedade britânica, que defende que o governo simplesmente crie mais empregos na economia. Foi a posição da vice-líder do Partido Trabalhista, de oposição, Harriet Harman. O governo tem sido acusado de tratar os desempregados por longos períodos como criminosos, por vezes obrigados a prestar trabalhos comunitários. Outra voz contrária partiu do chefe da igreja anglicana, o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams. "Quem se encontra nesse ponto normalmente não é porque é má pessoa, estúpido ou preguiçoso, mas porque as circunstâncias estão jogando contra", disse o religioso. "Quem já está batalhando para encontrar trabalho e um futuro seguro vai ser, eu acho, empurrado ainda mais para baixo, em uma espiral de incerteza, até de desespero." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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