Grécia: visita antecipada não impede protesto contra Condoleezza

Manifestantes gregos protestam contra as campanhas norte-americanas no Iraque e no Afeganistão e dizem que a secretária de Estado não é bem vinda ao país

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Por Agencia Estado
Atualização:

Manifestantes gregos iniciaram nesta segunda-feira dois dias de protestos contra a visita da secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, que desembarca na terça-feira em Atenas. A chegada da secretária, inicialmente marcada para quinta-feira, fora antecipada justamente para driblar a onda de manifestações. Nas imediações da Embaixada norte-americana, pelo menos seis pessoas foram detidas nesta segunda-feira após estenderem um gigantesco cartaz com os dizeres "Condoleezza, volte para casa", que foi logo removido. A polícia também encontrou explosivos em uma lanchonete McDonald´s situada na periferia da capital, que aparentemente deveriam ter sido detonados no domingo. Um grupo autodenominado Luta Anti Estado declarou à imprensa que havia colocado no local os explosivos, de fabricação caseira, em protesto contra a visita da secretária. O grupo também assumiu a responsabilidade por um incêndio, nesta segunda-feira cedo, em uma revenda de carros franceses. A polícia informou que mais de 5 mil oficiais seriam destacados para patrulhar Atenas, com ordens para bloquear o tráfego de veículos em avenidas importantes da capital durante a visita de Rice, que deve ficar apenas um dia na cidade. Seu giro pela região também inclui passagens por Turquia e Bulgária. Os manifestantes gregos protestam contra as campanhas norte-americanas no Iraque e no Afeganistão. Em Atenas, a secretária terá encontros com o primeiro-ministro Costas Caramanlis e com o chanceler Dora Bakoyannis. Cerca de 300 militantes do Partido Comunista se reuniram em frente à Embaixada dos Estados Unidos nesta segunda, que foi feriado na Grécia após a celebração da Páscoa Ortodoxa, na véspera. Os organizadores planejam mais dois protestos na terça-feira e prometem desafiar a polícia e furar a zona de exclusão em torno da representação diplomática. "Eles estão com medo, isto é pânico", disse Petros Constantinou, porta-voz do grupo Pare a Guerra, que se opõe à invasão do Iraque. "Estamos protestando porque, para nós, Condoleezza Rice é uma assassina", acrescentou. Já o principal partido de oposição socialista aproveita a visita de Rice para exortar um acordo pacífico acerca da disputa nuclear iraniana. "É preciso ficar claro que o povo da Grécia se opõe a qualquer tipo de guerra", disse o porta-voz de relações internacionais do partido, Christos Papoutsis. O líder da Coalizão de Esquerda, Alekos Alevanos, disse nesta segunda que Rice não era considerada bem vinda ao país. Cresce na Grécia o sentimento de antiamericanismo, com a opinião pública fortemente contrária à guerra no Iraque e a qualquer possibilidade de intervenção externa no Irã. Em 2004, o então secretário de Estado americano Colin Powell cancelou uma visita ao país por causa de violentos protestos contra a invasão do Iraque.

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