O governo greco-cipriota demoliu nesta sexta-feira, 9, o muro que durante décadas separou a última capital dividida de Europa, a Nicósia, no Chipre, numa atitude com a qual as autoridades locais esperam iniciar a reconciliação no arquipélago mediterrâneo. O muro foi construído na Rua Ledra, que percorre o coração turístico de Nicósia, e era visto como o maior símbolo dos 32 anos de divisão entre o sul greco-cipriota e o norte turco-cipriota. Apesar de cinco passagens pelo muro estarem em funcionamento desde 2003, não havia nenhuma forma de atravessar pelo centro da cidade. Um buldôzer começou a derrubar o muro na noite de ontem sem aviso prévio. O presidente greco-cipriota Tassos Papadopoulos disse que a demolição começou a ser planejada há mais de duas semanas. "Este é um primeiro passo positivo, um gesto de boa-vontade de nossa parte", disse Christodoulos Pashiardis, porta-voz do governo greco-cipriota. Rasit Pertev, subsecretário do governo turco-cipriota, qualificou a demolição como "histórica" e disse que ela foi recebida com surpresa pela administração do norte, informou a agência de notícias Anatólia. "Creio que (os greco-cipriotas) tomaram essa decisão por causa da pressão exercida sobre eles. Trata-se de um passo positivo", prosseguiu Pertev. A chancelaria greco-cipriota pediu que a Turquia atue de forma recíproca e remova seus soldados do norte da ilha. O Chipre está dividido desde 1974, quando a Turquia invadiu o arquipélago mediterrâneo e abortou uma tentativa de golpe para anexá-lo à Grécia. Os turcos mantiveram-se no norte e os gregos controlaram o sul. Os dois lados são separados fisicamente por uma zona de contenção chamada Linha Verde, patrulhada por mantenedores de paz da Organização das Nações Unidas (ONU).