Greve acaba e jornal chinês volta a circular

Autoridades aceitam o fim da censura prévia ao 'Southern Weekly', mas mantêm outras formas de controle da informação

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Por GUANGZHOU e CHINA
Atualização:

Autoridades chinesas e funcionários do semanário Southern Weekly colocaram ontem fim a um impasse sobre a censura ao jornal. A crise resultou em greve de jornalistas e protestos da população da cidade de Guangzhou, no Cantão. Pelo acordo, editores e repórteres não serão punidos pelas manifestações e pela paralisação e o Departamento de Propaganda abdicará da censura prévia, mas manterá outras formas de controle da informação. Com o acordo, o jornal voltaria a circular hoje. Muitos defensores da liberdade de imprensa na China, no entanto, disseram estar frustrados. "Se esse for mesmo o acordo, a vitória da mídia será pequena", afirmou David Bandurski, especialista em mídia da Universidade de Hong Kong. "O certo seria se livrar dos censores e da mão pesada que eles vêm adotando." Os funcionários, que divulgaram o acerto, pediram para não serem identificados, pois temem retaliações. Executivos do jornal e do Nanfang Media Group, empresa estatal da qual a publicação faz parte, rejeitaram comentar o caso, mas confirmaram que todos voltaram ao trabalho ontem e garantiram que o Southern Weekly circulará normalmente hoje. A crise inesperada transformou-se em um desafio difícil para o novo líder do Partido Comunista, Xi Jinping, dois meses após ele assumir o cargo. Xi defendeu um governo mais liberal, mais respeito à Constituição e um papel amplo dos meios de comunicação na ajuda contra a corrupção. O protesto começou depois que autoridades locais trocaram um editorial que pedia melhor governança por um texto que elogiava o PC. O conflito rapidamente passou a envolver intelectuais, estudantes e celebridades, que pediram mais liberdade de expressão e reformas políticas. O fim da censura prévia é uma conquista nova, mas está longe de se tornar definitiva. "A crise, contudo, pode fazer os censores pisarem no freio", afirmou Bandurski, "Pode fazer com que eles sejam mais cautelosos ao lidar com a mídia no futuro." / AFP e REUTERS

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