Greve aprofunda crise na Grécia

Paralisação e protestos intensificam pressão sobre governo conservador de Karamanlis

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Por AP e AFP E REUTERS
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A Grécia parou ontem por 24 horas após os principais sindicatos do país iniciarem uma greve geral que intensificou os confrontos entre manifestantes e a polícia - desencadeados pela morte do jovem Alexandros Grigoropoulos, de 15 anos, no sábado, em Atenas - , além de ter aumentado a pressão sobre o governo conservador do premiê Costa Karamanlis. Apesar do agravamento da crise, fontes ligadas ao premiê negaram rumores de que o governo estaria considerando adotar medidas de emergência. Veja galeria de imagens do conflito "A participação na greve é total, o país está inteiro paralisado", afirmou Stathis Anestis, porta-voz da Confederação Geral de Trabalhadores Gregos (GSEE), que conta com 600 mil afiliados. Além da GSEE, a Federação de Funcionários (ADEDY) também convocou seus 200 mil integrantes para a paralisação. Na terça-feira, o premiê Karamanlis havia pedido que os sindicatos suspendessem a greve - marcada antes da morte do estudante, supostamente baleado por policiais - para evitar qualquer tipo de confusão entre suas reivindicações e os protestos iniciados no sábado. As organizações sindicais, porém, ignoraram o pedido do premiê, convocando os trabalhadores para uma "manifestação pacífica" que afetou os transportes terrestres, aéreos e marítimos. Bancos e escolas foram fechados e hospitais funcionaram em esquema especial para atender a casos mais graves. Setores da administração pública e empresas estatais - entre elas a responsável pelo abastecimento energético - também não funcionaram. Os sindicatos afirmam que ações do governo como privatizações, aumento de impostos e reforma da aposentadoria pioraram as condições dos gregos - especialmente para os 20% da população que vivem abaixo da linha da pobreza. ONDA DE VIOLÊNCIA Em meio à greve geral, os protestos continuaram em várias cidades gregas. Uma marcha em Tessalonica terminou com o combate entre policiais e cerca de 2 mil manifestantes. No centro de Atenas, mais de 10 mil pessoas participaram de um protesto na frente do Parlamento.Carregando cartazes, pediam a renúncia do premiê, além de acusar o Estado de ser "assassino". Depois de arremessarem bombas incendiárias contra os policiais, os manifestantes foram reprimidos com gás lacrimogêneo. O balanço do governo coloca em 565 lojas o número de estabelecimentos destruídos pelos manifestantes desde o início dos protestos, há cinco dias. A Confederação Grega do Comércio estima em US$ 259 milhões os prejuízos causados até agora. Ontem, o premiê anunciou que o governo vai indenizar as empresas que tiveram suas instalações danificadas durante os distúrbios. Segundo a agência de notícias Associated Press, os tumultos têm sido menores e menos espalhados nos últimos dias, o que sinaliza para um fim próximo dos protestos. Um promotor grego ordenou ontem a prisão dos dois policiais envolvidos na morte de Grigoropoulos. Os acusados devem ficar detidos até o início do julgamento do caso. Ontem, o advogado de um dos policiais afirmou que a autópsia do corpo do jovem indicou que o disparo contra Grigoropoulos não foi intencional e o projétil o atingiu depois de ricochetear.

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