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Greve e protestos deixam 4 mortos no Paquistão

Por Agencia Estado
Atualização:

Fundamentalistas islâmicos queimaram pneus, bloquearam o trânsito e entraram em choque com a polícia hoje no Paquistão, numa greve nacional para protestar contra o apoio do presidente Pervez Musharraf às políticas dos Estados Unidos no Afeganistão. Pelo menos quatro manifestantes foram mortos a tiros pela polícia na cidade central de D.G. Khan. Outros seis ficaram feridos. Os confrontos foram os mais sérios das últimas semanas, com a polícia prendendo centenas de manifestantes em várias cidades. O Conselho de Defesa Afegão, uma aliança de 35 grupos islâmicos, organizou a greve para denunciar Musharraf e expressar apoio à milícia governista do Afeganistão, o Taleban. "Depois do sucesso da greve de hoje, Musharraf não tem o direito de permanecer no poder... e deve renunciar", disse Maulana Samiul Haq, líder do conselho, na cidade de Peshawar, noroeste do país. Haq afirmou a milhares de manifestantes que se Musharraf não retirar o apoio do Paquistão à ação dos EUA, "vamos lançar um movimento de desobediência civil". Haq administra um seminário islâmico nas proximidades de Peshawar que formou muitos dos líderes do Taleban quando eram refugiados de guerra no Paquistão. A violência explodiu em D.G. Khan depois que uns 1.000 manifestantes bloquearam a linha férrea e a principal rodovia que passa pela cidade, cerca de 480 km ao sul da capital, Islamabad. Manifestantes colocaram grande blocos de pedra na linha férrea e sentaram-se nos trilhos. Quando a polícia tentou removê-los, eles atacaram os policiais com pedras e tiros, segundo o governo. A polícia respondeu ao fogo, matando pelos menos quatro manifestantes e ferindo seis, disseram autoridades. Todos eram seguidores do Jamiat Ulema-e-Islam, um movimento islâmico radical, cujo líder, Fazle ur-Rehman, está sob custódia da polícia. Na cidade portuária de Karachi, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar cerca de 2.000 manifestantes que jogavam pedras e tentavam bloquear importantes avenidas. Também autoridades paquistanesas prenderam mais de 500 ativistas em todo o país em ações noturnas, numa tentativa de limitar a participação nos protestos, informou o governo. Grupos islâmicos têm promovido protestos todas sextas-feiras nos últimos dois meses. Logo após os atentados terroristas de 11 de setembro nos EUA, Musharraf retirou o apoio do Paquistão ao Taleban e ficou do lado dos EUA na guerra contra o terrorismo global. Inicialmente os protestos foram violentos, mas passaram a ser pacíficos nas últimas semanas e a participação popular havia diminuído. Os grupos islâmicos haviam prometido que a greve de hoje paralisaria as principais cidades do país. Mas o resultado final foi difícil de avaliar. Repartições públicas e escolas, assim como alguns negócios, normalmente suspendem suas atividades depois das orações do meio-dia de sexta-feira, o dia sagrado muçulmano. Buscando esvaziar movimento, o governo também declarou hoje feriado, marcando o aniversário de Mohammad Iqbal, um filósofo e poeta que defendeu a criação do Paquistão em 1930. As ruas das grandes cidades de Karachi, Lahore, Peshawar e Rawalpindi estavam muito mais vazias do que numa sexta-feira normal. O governo avaliou que a greve foi apenas parcial e que os transportes estavam disponíveis. Os organizadores declararam a greve um sucesso. Em Islamabad, uma cidade de funcionários públicos, diplomatas estrangeiros e destacados empresários, os protestos têm sido raros e as lojas normalmente abrem na sexta-feira. Mas hoje a maioria das lojas estava fechada. Leia o especial

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