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Greve geral põe em risco negociações na Venezuela

Por Agencia Estado
Atualização:

A decisão tomada pelas maiores organizações empresariais e sindicais venezuelanas de ir à greve geral em 2 de dezembro coloca em risco as negociações que vêm sendo mantidas entre governo e oposição em busca de uma saída para a crise. Ambas as partes concordaram nesta sexta-feira em retornar à mesa de diálogos apesar das tensões geradas pela convocação à paralisação. O secretário-geral da OEA, César Gaviria, admitiu estar "sumamente preocupado" com o futuro das negociações e pediu ao governo e à oposição que "transitem um pouco pelos caminhos do entendimento", deixando de lado a "impaciência" para que o processo possa avançar. As maiores organizações empresariais e sindicais começaram nesta sexta-feira a avaliar o apoio de alguns setores-chave à greve geral - a quarta em menos de um ano. O presidente do Conselho Geral de Comércio e Serviços, Julio Brazón, disse que será "contundente" o apoio à iniciativa por parte desse setor, que reúne cerca de 1 milhão de empresas. O dirigente dos empregados dos níveis médio e alto da estatal Petróleos de Venezuela S. A., Juan Fernández, expressou que os trabalhadores da principal indústria do país estão dispostos a atuar para obter uma saída eleitoral para a crise, que poderia passar pelo apoio à greve. O presidente da PDVSA, Alí Rodríguez, disse hoje que uma greve geral "provocaria fortíssimas perturbações não apenas na economia, se não vier a causar problemas ainda maiores na estabilidade do país". Afirmou que, se houver uma tentativa de paralisar a indústria petrolífera, o governo está disposto a "tomar as medidas necessárias para garantir a continuidade da produção". Os negociadores governistas acusaram a oposição de utilizar um duplo discurso na mesa de diálogo por, de um lado, pedirem uma saída eleitoral e, de outro, convocarem uma greve geral. E a ministra do Trabalho, María Cristina Iglesias, manifestou que, apesar da ação "golpista e terrorista" a favor da greve, o governo se manterá na mesa para conseguir uma solução pacífica e democrática para o impasse. Por sua vez, o delegado opositor na mesa de negociações, Timoteo Zambrano, disse que a coalizão opositora Coordenadoria Democrática insistirá em concretizar com o governo uma solução eleitoral que passe pela convocação de um referendo. Zambrano indicou que a intervenção governamental na Polícia Metropolitana e a militarização de Caracaas representam um retrocesso no processo de negociações, mas afirmou que, apesar de tais medidas tomadas pelo governo, a oposição insistirá nos diálogos.

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