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Grupo atacado em Najaf planejava matar clérigos iraquianos

Líder dos "Soldados do Paraíso" conquistou apoio de seguidores autodenominando-se Imã Mahdi - um líder espiritual que muitos xiitas aguardam como salvador

Por Agencia Estado
Atualização:

Os militantes que confrontaram forças americanas e iraquianas próximo a Najaf no domingo eram membros de um culto xiita que planejava atacar a cidade durante um festival religioso, matando o mais alto clérigo xiita do país. Segundo autoridades iraquianas, as forças americanas e iraquianas tinham como alvo um grupo autodenominado "Soldados do Paraíso". O conflito deixou ao menos 200 combatentes mortos, entre eles o líder da organização, um homem que se descrevia como o Imã Mahdi - um líder espiritual desaparecido que muitos xiitas acreditam que irá retornar para restaurar a justiça. Dois soldados americanos também morreram quando o helicóptero em que estavam foi abatido durante o confronto. Segundo o porta-voz do governo Ali al-Dabbagh, o grupo "Soldados do Paraíso" conta com o apoio de combatentes estrangeiros e pode ter ligações com grupos leais à Saddam Hussein. Fontes do governo iraquiano desmentiram relatos anteriores de que 300 militantes teriam morrido no combate. Além das 200 baixas confirmadas, outros 60 membros da seita teriam sido feridos, além de entre 120 e 150 capturados. Segundo o governador da província, Assad Sultan Abu Kilel, os insurgente planejavam atacar peregrinos xiitas e altos clérigos iraquianos durante as celebrações da Ashura na cidade de Najaf. O feriado, que será comemorado na terça-feira, é a principal data sagrada do calendário xiita, e celebra a morte do neto do Profeta Maomé, Imam Hussein, no século 7º. As celebrações tem por tradição culminar em grandes procissões públicas em Najaf, Kerbala e outras cidades de maioria xiita. Ainda de acordo com os militares iraquianos, cerca de 500 rifles automáticos, além de morteiros, metralhadoras de grosso calibre e foguetes do tipo Katiusha foram apreendidos na ação. O líder do grupo, por sua vez, foi identificado como Ahmed Hassan al-Yamani, também conhecido por Ali bin Ali bin Abi Tale, ou Abu Qamar al-Yamani. Segundo o vice-governador de Najaf, Abdul-Hussein Abtan, o nome verdadeiro do líder radical era Diya Abdul-Zahra Kadhim. Ele nasceu na cidade de Hillah e havia sido detido duas vezes nos últimos anos. Assassinos de clérigos Os militares iraquianos explicaram ainda que entre 600 e 700 homens do grupo planejavam se esconder entre os peregrinos para atacar Najaf na terça-feira, dia em que acreditavam que o Imam Mahdi retornaria. O objetivo era matar o maior número de clérigos quanto fosse possível, para, segundo acreditavam, abrir caminho para a volta do "Imã desaparecido". Uma das mesquitas mais sagradas do Iraque está em Najaf, e é na cidade que vivem alguns de seus clérigos mais importantes, entre eles o Grande Aiatolá Ali al-Sistani. No ataque, explicou um comandante militar iraquiano, os militantes pretendiam destruir a comunidade xiita, matar o grande aiatolá e ocupar a mesquita sagrada. Os motivos exatos do grupo permanecem obscuros, mas o movimento foi descrito como xiita em seu "exterior", mas não em seu "núcleo". Entre os militantes haviam extremistas xiitas e sunitas, assim como combatentes estrangeiros. Ainda segundo os militares iraquianos, o movimento era uma "organização ideológica e militar com longa experiência", cujos líderes vieram de fora do Iraque. Embora originalmente pequeno, o grupo conseguiu conquistar o apoio de um grande número de seguidores nos últimos dias ao proclamar a volta do Imã Mahdi.

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