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Grupo de Lima pede a militares venezuelanos que reconheçam Guaidó como comandante-chefe

Conjunto de países pressiona pela restauração da democracia e aposta no aprofundamento da divisão das Forças Armadas venezuelanas

Por Lu Aiko Otta e BRASÍLIA
Atualização:

Com o reforço dos Estados Unidos e de um número crescente de nações europeias, o Grupo de Lima, conjunto de países que pressiona pela restauração da democracia na Venezuela, reuniu-se nesta segunda-feira, 4, no Canadá e aprovou um documento no qual pede aos militares venezuelanos que reconheçam como seu comandante-chefe o autoproclamado presidente Juan Guaidó, em oposição a Nicolás Maduro. Com isso, apostam no aprofundamento da divisão das Forças Armadas venezuelanas.

A chanceler canadense, Chrystia Freeland (C), concede entrevista ao lado de outros chanceleres do Grupo de Lima Foto: EFE/Andre Pichette

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Em outro ponto, o documento reforça o cerco econômico ao regime. Com o objetivo declarado de aprofundar o isolamento do atual governo, os integrantes do Grupo de Lima fizeram um apelo à comunidade internacional para “evitar que o regime de Maduro realize transações financeiras e comerciais no estrangeiro, que tenha acesso aos ativos internacionais da Venezuela e possa fazer negócios tanto em petróleo, ouro ou outros ativos.”

O chanceler do Brasil, Ernesto Araújo, participou da reunião. Um novo encontro será realizado nos próximos dias, desta vez na Colômbia. Na última sexta-feira, o ministro brasileiro concedeu uma entrevista na qual falou sobre a perspectiva de fim do governo de Nicolás Maduro na Venezuela. 

Transição pacífica

A ministra de Relações Exteriores do Canadá, Chrystia Freeland, negou que o sinal aos militares represente apoio a uma ação armada na Venezuela. Ela frisou que, em sua declaração conjunta, os integrantes do Grupo de Lima reiteraram apoio a “um processo de transição pacífica através de meios diplomáticos e sem uso da força.”

Questionada se o Grupo de Lima não estaria, com essa declaração, dando apoio a um golpe na Venezuela, ela foi enfática: “Nada mais distante da verdade”. A entrevista foi interrompida por manifestantes pró-Maduro que atiraram dinheiro e gritaram para os países “tirarem as mãos” de seu país. Freeland comentou que os manifestantes podem se manifestar no Canadá, mas não na Venezuela.

O documento pede também a libertação dos presos políticos, a volta da liberdade de imprensa e diz que os países devem apoiar o roteiro apresentado pela Assembleia Nacional e por Guaidó para uma transição pacífica, que permita a convocação de eleições livres e democráticas.

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Outro ponto discutido na reunião foi a chegada de ajuda humanitária à Venezuela. O documento final pede às Forças Armadas da Venezuela que permita o ingresso e o trânsito de ajuda internacional. 

Anfitrião do encontro, o governo canadense anunciou um reforço de 53 milhões dólares canadenses para programas de ajuda aos migrantes e refugiados. 

Na reunião desta segunda-feira, a Venezuela presidida por Guaidó, reconhecida no momento por 34 países, foi admitida como membro pleno do Grupo de Lima, do qual também fazem parte: Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai e Peru. Participaram como convidados: Equador, União Europeia, França, Alemanha, Holanda, Portugal, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos. 

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