Grupo ligado à Al-Qaeda assume atentado em Parlamento

Homem-bomba se explodiu na lanchonete do prédio em Bagdá matando um deputado; atentado ocorreu em área fortemente protegida pelo Exército americano

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Por Agencia Estado
Atualização:

Um grupo terrorista ligado à Al-Qaeda assumiu, nesta sexta-feira, 13, a responsabilidade pelo atentado terrorista que aconteceu no Parlamento Iraquiano na última quinta-feira, 12. Um homem-bomba se suicidou na lanchonete do edifício, matando um deputado sunita e ferindo outras 22 pessoas. Nesta sexta-feira, três funcionários da lanchonete onde o atentado ocorreu foram detidos para ser investigados por um suposto vínculo com o ataque. Inicialmente, os dados davam conta de que oito pessoas tinham sido mortas. O Parlamento iraquiano fica em uma área conhecida como Zona Verde, que abriga também a Embaixada dos Estados Unidos e outros escritórios do governo. De acordo com um comunicado divulgado na internet, o Estado Islâmico do Iraque reconheceu a autoria da explosão, que matou um deputado. "Um cavaleiro do Estado Islâmico do Iraque alcançou o coração da Zona Verde, o quartel general dos ratos infiéis do Parlamento, e se explodiu em busca dos líderes dos infiéis", diz o anúncio postado em um site utilizado por insurgentes islâmicos. O grupo miliciano é um dos braços da rede extremista Al-Qaeda, liderada por Osama bin Laden. O atentado suicida "inscreve-se dentro do Plano de Dignidade e de Conquista da Vingança" anunciado pelo líder da Al-Qaeda no Iraque, Abu Omar al-Baghdadi, que se autodenomina emir dos fiéis - título que só foi utilizado pelos primeiros quatro califas do Islã, segundo o comunicado. Segurança em xeque O ataque levantou questões de como o terrorista invadiu a Zona Verde, uma área fortemente cercada, que fica sob permanente vigia do Exército americano desde a invasão de 2003. Porém, este não foi o primeiro atentado ao local. Recentemente, um ataque de morteiros interrompeu o encontro do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e do primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, que falavam justamente sobre a segurança no Iraque. Em agosto de 2003, o enviado especial da ONU ao Iraque, o brasileiro Sergio Viera de Melo, foi um dos 20 mortos no atentado que atingiu a sede da ONU no local. Este é um duro golpe reforço na segurança de Bagdá, que está em seu terceiro mês, para evitar uma guerra civil total na capital. Além dos funcionários do local detidos nesta sexta, alguns guardas parlamentares também estão sendo investigados. Ao ser questionado sobre os padrões de segurança no prédio, um deputado afirmou que alguns guarda-costas de parlamentares tinham permissão para passar pelos postos de controle sem ser revistados. A polícia investiga se o suicida era segurança de algum membro do Parlamento. Segundo testemunhas, a segurança foi fortalecida na região nesta sexta. Todos os veículos e seus motoristas estavam sendo revistados, postos de controle móveis foram levantados e várias ruas bloqueadas enquanto a polícia investigava casas dentro do composto. Parlamento "Este foi um ato covarde", afirmou o primeiro-ministro interino Barham Ahmad Saleh, "e isto prova que o terrorismo é indiscriminado. Sunitas, xiitas e curdos foram atingidos pela explosão. Isso deveria ser um alerta de que todo o Iraque é alvo do terrorismo". Ele visitou o hospital onde estão os feridos, que foram socorridos pelas forças de segurança dos Estados Unidos. Nesta sexta-feira, os parlamentares realizaram uma reunião especial para a luta contra o terrorismo. Durante a rara sessão de emergência - no que normalmente é um dia de descanso - o porta-voz do Parlamento Mahmoud Mashhadani disse que a sessão é "uma mensagem clara para todos os terroristas e todos aqueles que ousam tentar parar o processo (político)". "Devemos sacrificar tudo que nos é querido pelo seu sucesso e continuação", disse. O presidente do Parlamento, Mahmoud Mashhadani, abriu a sessão especial pedindo aos parlamentares que lessem versos do Corão devido à morte de Mohammed Awdh, membro da Fronte Nacional para o Diálogo Iraquiano, partido sunita que tem 11 assentos no Parlamento. "O martírio de Mohammed Awadh nos deu lições, a primeira é de unidade e que estejamos unidos contra o terrorismo", disse o político xiita Hadi al-Aamiry. "Isso é indiscutivelmente um golpe difícil, mas deve nos unificar para confrontarmos o demônio do terrorismo e isso prova que o terrorismo é indiscriminado - sunitas, xiitas, curdos e árabes foram mutilados neste ataque", disse à Reuters o vice-primeiro-ministro, Barham Saleh. Matéria ampliada às 14h40 para acréscimo de informações

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