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Grupo seqüestra Boeing com 95 a bordo em Darfur

Dez homens armados teriam desviado avião para capturar líderes de facção rival que aceitou cessar-fogo

Por AP , Reuters e Cartum
Atualização:

Dez homens armados com facas seqüestraram ontem um avião no Sudão com 95 pessoas a bordo e fizeram um pouso forçado na Líbia, em uma pista usada na 2ª Guerra, no meio do Deserto do Saara. Propriedade da companhia privada sudanesa Sun Air, o Boeing 737-200 partiu de Nyala (na região de Darfur) com destino a Cartum, mas foi desviado para Líbia após o Egito recusar o pedido dos seqüestradores para pousar no país. O departamento de aviação da Líbia confirmou que o avião aterrissou em Kufra - um oásis próximo à fronteira com o Egito e o Sudão -, mas disse não ter conseguido estabelecer contato com os seqüestradores, pois o campo de pouso não tem equipamento de comunicação. Segundo a agência de notícias líbia Jana, os seqüestradores exigiram que o avião seja reabastecido para que eles possam voar para Paris. O motivo do seqüestro ainda não foi esclarecido, mas, aparentemente, o alvo eram três líderes de um grupo rebelde desmobilizado de Darfur que estavam a bordo. Eles controlam uma facção do Movimento de Libertação do Sudão (MLS), que recentemente assinou um acordo de paz com o governo. Liderado pelo influente líder tribal Minni Arkou Minnawi, o grupo foi o único a aceitar a trégua proposta por Cartum e agora colabora com governo. Segundo a rede de TV árabe Al-Jazira, os dez seqüestradores também fazem parte do grupo rebelde MLS, mas de uma facção rival à de Minawi. Eles seriam seguidores do líder rebelde Abdel Wahed Mohammed al-Nur e não aceitaram o acordo de paz proposto pelo governo. No entanto, um porta-voz do grupo de Nur negou que seus rebeldes estivessem envolvidos no seqüestro do avião. "Não temos absolutamente nada a ver com esse seqüestro. Ele vai de encontro a nossos objetivos e valores, por isso condenamos esse ato", disse Yahya Bashir. O MLS é apenas uma das dezenas de milícias envolvidas conflito em Darfur. Desde 2003, quando os confrontos começaram, mais de 300 mil sudaneses morreram e cerca de 2,5 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas. O seqüestro aconteceu um dia após um ataque contra um campo de refugiados a 25 quilômetros do aeroporto de Nyala, de onde partiu o Boeing.

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