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Grupos palestinos fazem exigências para liberar soldado

Responsáveis pelo seqüestro do militar Gilad Shalit, de 19 anos, dizem que só irão dar notícias sobre o soldado após libertação de prisioneiros palestinos

Por Agencia Estado
Atualização:

Os três grupos palestinos que capturaram um soldado israelense na manhã de domingo fizeram exigências nesta segunda-feira para fornecer informações sobre o paradeiro do seqüestrado. Em um comunicado divulgado por fax, os militantes pedem a libertação de todas as mulheres e jovens palestinos com menos de 18 anos detidos em prisões israelense. Esta é a primeira demanda dos guerrilheiros desde a captura do militar israelense de 19 anos após mais de 36 horas de seqüestro. O governo israelense, por sua vez, reagiu às reivindicações rejeitando qualquer negociação com os captores. Segundo o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, uma "ampla" ofensiva militar está em andamento na fronteira com a Faixa de Gaza. Ainda assim, embora um grande contingente militar israelense encontre-se na região, fontes do governo admitiram estar buscando uma solução diplomática para a crise. O pedido palestino foi assinado pelo braço militar do Hamas, a Brigada de Saladdin e o Exército do Islã. Os dois últimos grupos são facções dos Comitês de Resistência Popular (CRP), e têm fortes ligações com o Hamas. "Os sionistas não terão novas informações sobre o soldado perdido até que concordem com o seguinte: primeiro, a liberação imediata de todas as mulheres presas; e segundo, a liberação de todas as crianças presas com menos de 18 anos", informou o fax. Um porta-voz do CRP, Abu Mujahid, confirmou a autenticidade do comunicado. Em um pronunciamento a líderes judeus em Jerusalém na noite desta segunda-feira, Olmert classificou a ação palestina que resultou no seqüestro do soldado Gilad Shalit, de 19 anos, como parte de um plano "assassino, odioso e fanático de extremistas islâmicos que querem destruir Israel". "Isto não é uma questão a ser negociada. A liberação de prisioneiros não está absolutamente na agenda do governo israelense", declarou o premier. Segundo o ministro palestino para assuntos de prisioneiros, Wasfi Kibha, Israel mantém presas 150 mulheres e 360 jovens com menos de 16 anos - ainda de acordo com o ministro, não há estatísticas imediatas sobre os números relativos aos palestinos com entre 16 e 18 anos. Shalit foi capturado na manhã de domingo em uma ataque a um posto militar na fronteira com a Faixa de Gaza. Militantes ligados ao Hamas foram os principais responsáveis pela ação. Ofensiva militar Mais cedo, em uma conferência em Jerusalém, Olmert atribuiu a responsabilidade pela segurança de Shalit a toda liderança palestina, e disse que sua paciência estava se esgotando. "Eu dei as ordens para que nossos comandantes militares se preparem para uma larga ofensiva para derrubar os líderes terroristas e todos envolvidos na ação", disse. "Ninguém terá imunidade." Apesar do discurso militarista e das ações na fronteira com Gaza, intensos esforços diplomáticos vêm sendo tomados para assegurar a liberação de Shalit com vida, e os próprios grupos reconheceram estar publicando as demandas "em resposta às várias tentativas de mediação e outras intervenções". A ministra de Exteriores israelense, Tzipi Livni, comunicou a situação a representantes do corpo diplomático estrangeiro, a quem pediu ajuda, antes de uma possível operação militar para resgatar o soldado. Autoridades militares informaram que membros da elite do exército israelense, apoiados por tanques de guerra, foram enviados para a fronteira, região que já conta com um grande contingente militar. Segundo a inteligência israelense, Shalit não foi ferido seriamente. Por este motivo, explicaram fontes do ministério da Defesa israelense, não há planos para uma incursão massiva por terra no momento. Embora Israel freqüentemente realize ataques aéreos a Gaza, as tropas israelenses invadiram este território palestino apenas três vezes desde o ano passado, quando milhares de colonos judeus foram retirados da região pelo governo. As fontes ressaltaram, no entanto, que uma operação limitada poderá ser realizada nos próximos dias. A investida pode incluir uma tentativa de resgate ou uma missão para pressionar o Hamas a soltar o soldado. O porta-voz do governo liderado pelo movimento islâmico Hamas, Ghazi Hamad, voltou a pedir aos milicianos que libertem o soldado, aparentemente ferido no pescoço e no abdômen. Reação palestina As Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, a principal milícia do movimento nacionalista Fatah, liderado pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, ameaçam atacar Israel com "armas químicas e biológicas" caso a Faixa de Gaza seja invadida. Preocupado com uma operação militar israelense em grande escala na região, Abbas disse nesta segunda-feira ao primeiro-ministro Ismail Haniyeh que pode ordenar que as forças de segurança da ANP procurem o soldado israelense "de casa em casa" em Rafah e na cidade de Khan Yunes. A operação de milicianos palestinos que resultou no seqüestro de Shalit aconteceu enquanto representantes de Abbas e de Haniyeh negociavam um "acordo de reconciliação nacional" que poderia abrir caminho para restabelecer o processo de paz com Israel, estagnado desde 2001, e criar um Estado palestino independente na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Intervenção do Egito Um enviado do presidente Mahmoud Abbas chegou ao Cairo nesta segunda-feira para pedir ao governo egípcio que intervenha para impedir uma operação israelense em Gaza, em represália ao ataque de milicianos palestinos à base de Israel. Segundo fontes palestinas e egípcias, o enviado, o general Jibril Rajub, assessor de segurança de Abbas, vai reunir-se com o chefe dos serviços secretos egípcios, Omar Suleiman, e o ministro egípcio de Assuntos Exteriores, Ahmed Abul Gheit. Dentro do regime egípcio, Suleiman é quem nos últimos dois anos dirigiu todas as tarefas de mediação entre israelenses e os palestinos, e também entre os diferentes grupos palestinos em suas freqüentes disputas. O seqüestro O seqüestro do soldado Shalit aconteceu no domingo, depois que um grupo de militantes palestinos mataram outros dois soldados e feriram seis em um ataque a uma base militar israelense. Fontes dos grupos palestinos disseram que a operação é uma represália pelo assassinato, há três semanas, do chefe dos Comitês Populares, Jamal Abu Samhadana, e pela morte de mais de 20 civis em ataques da Força Aérea israelense em Gaza. Os militantes palestinos capturaram soldados israelenses no passado para pressionar pela libertação de radicais presos em Israel. De acordo com autoridades palestinas, Israel mantém cerca de 9.800 palestinos presos. Matéria atualizada às 16h15

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