CAIRO - As facções palestinas rivais Hamas e Fatah fecharam nesta quinta-feira, 12, um acordo de reconciliação política, após décadas de conflitos internos, depois que o Hamas aceitou entregar o controle administrativo da Faixa de Gaza, que estava sob seu domínio há mais de uma década.
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O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, anunciou o acordo mediado pelo Egito por meio de um comunicado sem muitos detalhes sobre o pacto, que prevê englobar assuntos administrativos, de segurança e de fronteira na Faixa de Gaza.
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O Fatah perdeu o controle da Faixa de Gaza para o Hamas durante uma guerra civil em 2007. No entanto, em setembro, o Hamas aceitou ceder o poder do enclave ao governo do líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que tem o apoio do Fatah.
“O presidente recebe com satisfação o acordo alcançado no Cairo entre as delegações de Fatah e Hamas, e instruiu a delegação do Fatah a assinar imediatamente o acordo”, disse um funcionário do gabinete de Abbas.
A Autoridade Palestina assumirá o controle total da Faixa de Gaza antes do dia 1.º de dezembro, anunciou o governo egípcio. O Hamas e o Fatah prometem "ajudar o governo de unidade (...) a exercer suas responsabilidades completas na gestão da Faixa de Gaza, como é o caso na Cisjordânia", indicou o comunicado de Cairo.
Horas antes do anúncio, o líder do Fatah em Gaza, Zakaria al-Agha, anunciou que Abbas irá visitar o território "em menos de um mês". Esta seria a primeira visita do líder à região desde 2007.
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A Autoridade Palestina é dominada pelo Fatah de Abbas e exerce um poder limitado na Cisjordânia, ocupada por Israel e localizada a dezenas de quilômetros de distância de Gaza. Em outro sinal de aproximação, Abbas retirará "muito em breve" as sanções financeiras adotadas em 2017 para forçar o Hamas a negociar, indicou Agha.
Supervisão
Diante do risco de uma explosão social, de um menor apoio do Qatar e da pressão do vizinho Egito, o Hamas aceitou, em setembro, o retorno da Autoridade Palestina e seu governo à Faixa de Gaza, onde na semana passada aconteceu o primeiro conselho de ministros desde 2014.
O movimento islâmico e seu rival laico iniciaram na terça-feira conversas discretas na capital egípcia para concretizar uma reconciliação, que foi anunciada na semana passada. As conversas centraram-se nos aspectos práticos da aproximação entre os dois movimentos palestinos, que estavam em conflito até poucas semanas atrás.
No momento, o conteúdo do acordo é desconhecido, embora uma autoridade palestina tenha anunciado a implantação de 3 mil policiais da Autoridade Palestina em Gaza e nas fronteiras com Israel e o Egito.
Futuro
Ambos os lados já advertiram que a reconciliação levará tempo. A partilha de poder parece extremamente complicada, uma vez que os interesses das partes são contraditórios.
O resultado da aproximação entre Hamas e Fatah é primordial para o futuro dos palestinos, em primeiro lugar para os 2 milhões de habitantes de Gaza, esgotados por três guerras com Israel desde 2008 e vítimas do bloqueio israelense e egípcio, da pobreza, desemprego e de cortes de água e eletricidade.
As divisões palestinas também são vistas como um dos principais obstáculos para encontrar uma saída para o conflito com Israel. A legitimidade do presidente Abbas, interlocutor de Israel e da comunidade internacional, é minada pelo fato de que o Hamas, considerado um movimento terrorista por Israel, EUA e União Europeia, governa dois quintos dos habitantes dos territórios ocupados.
Hezbollah
O Hamas espera o levantamento das sanções financeiras impostas por Abbas, como a suspensão do pagamento da energia elétrica fornecida por Israel. "Nós vamos revisitar estas (sanções) quando o governo puder assumir suas responsabilidades", afirmou o líder palestino na semana passada.
Quanto à possibilidade de o Hamas assumir a segurança em Gaza, Abbas advertiu que não aceitaria "copiar a experiência do movimento xiita Hezbollah no Líbano". Por sua vez, o Hamas assegurou que não negociará a entrega de suas armas.
Fatah e Hamas também devem estudar o futuro de milhares de funcionários recrutados pelo Hamas desde 2007.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, advertiu que só concordaria em falar com um governo de unidade palestino se o Hamas desmantelar a sua ala armada, romper os laços com o Irã e reconhecer Israel, pontos que a princípio são impossíveis de serem aceitos pelo Hamas./ REUTERS e AFP