Guaidó desafia Maduro com marcha em direção a quartéis na Venezuela

Opositores querem exigir que Forças Armadas deixem de apoiar Nicolás Maduro; ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Venezuela se reunirão neste domingo em Moscou para falar sobre a situação no país sul-americano

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Por Pablo Pereira
Atualização:

CARACAS - Quatro centros militares de capital da Venezuela, Caracas, passaram a manhã deste sábado, 4, fortemente guarnecidos depois que o autoproclamado presidente Juan Guaidó anunciou na véspera que a oposição iria hoje, em passeatas, entregar documentos chamando a adesão dos militares para o projeto de derrubada do governo de Nicolás Maduro.

Juan Guaidó enfatizou a natureza pacífica das manifestações deste sábado Foto: Ronaldo Schemidt / AFP

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São eles: o Forte Tiuna, onde fica a Academia Militar, local que Maduro usou no início da semana para desfilar demonstrando apoio das Forças Armadas, o Comando da Guarda Nacional, no mesmo bairro, e outros dois destacamentos na região de San Bernardino. Até o final da manhã, não havia informação de confrontos.

Em Cojedes, fora da capital, Maduro visitou por volta de 10h um centro de formação militar e discursou pedindo apoio. Ele se disse "orgulhoso" com relação à lealdade da tropa. "Recordem o juramento de serem leais a Chávez", disse, em cdrimônia transmitida por rádios oficiais. O líder chavista pediu aos cadetes para "estarem prontos para defender a pátria contra uma eventual invasão dos americanos".

Praça do bairro San Bernardino, um dos locais da concentração programada pela oposição, já com policiais Foto: Pablo Pereira / Estadão

Em Caracas, é de calma também o ambiente externo nos locais, além da Base Aérea La Carlota, alvo das primeiras ações militares da oposição no dia 30. Leopoldo López, que teve prisão decretada na sexta-feira com outros 17 líderes do movimento do fim de abril, continua refugiado na embaixada da Espanha, que decidiu restringir as declarações políticas do hóspede para evitar pressões.

Os opositores foram convocados por Guaidó para marcharem em direção aos principais quartéis venezuelanos para exigir que as Forças Armadas deixem de apoiar Maduro, após a fracassada rebelião de terça-feira. O líder da oposição enfatizou a natureza pacífica das manifestações. Os distúrbios de terça-feira e os protestos contra Maduro na quarta deixaram cinco mortos e mais de 200 feridos, segundo a ONU.

Jornalistas detidos

Na sexta-feira, um relatório do Colégio Nacional de Jornalistas de Caracas (CNP) contalilizou pelo menos 52 profissionais de imprensa detidos ou presos por forças leais a Maduro desde janeiro no país. Destes, 16 profissionais são de veículos de comunicação do exterior, 11 deles já deportados.

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Blindado na Base Aérea La Carlota, alvo das primeiras ações militares da oposição no dia 30 Foto: Pablo Pereira; Venezuela

Em um pronunciamento realizado no Dia Mundial da Liberdade de Expressão, o dirigente da entidade, Edgar Cárdenas, condenou as perseguições ao trabalho dos jornalistas na Venezuela. "São ações que em momento algum têm justificativas", disse ele.

Moscou e Caracas

Os ministros das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e da Venezuela, Jorge Arreaza, se reunirão neste domingo em Moscou, informou nesta manhã o governo russo. "No domingo, 5 de maio, os ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Venezuela participarão de conversas em Moscou", disse um porta-voz da chancelaria russa citado pela agência oficial TASS.

Os dois ministros conversarão sobre o desenvolvimento da situação na Venezuela após as tentativas da oposição de fazer com que as forças armadas do país sul-americano se voltassem contra o governo de Maduro.

A Rússia, um dos principais aliados de Maduro no exterior, se opõe de maneira categórica a qualquer tipo de ingerência nos assuntos internos da Venezuela, enquanto os Estados Unidos não descartam uma intervenção militar.

A situação na Venezuela foi um dos temas que os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos Estados Unidos, Donald Trump, abordaram em uma conversa telefônica na sexta-feira.

De acordo com o Kremlin, Putin disse a Trump que a ingerência externa e as tentativas de mudança de poder pela força apenas pioram a situação e deixam ainda mais distante uma solução pacífica para a crise no país sul-americano. / com AFP e EFE

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