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Guaidó retorna às ruas da Venezuela para reacender a pressão contra Maduro

Guaidó liderará uma demonstração de que espera chegar à Assembléia Nacional, controlada pela oposição e da qual ele é presidente

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Por Redação
Atualização:

O líder da oposição na Venezuela, Juan Guaidó, convocou uma marcha para esta terça-feira, 10, para reacender a pressão contra o governo do presidente Nicolás Maduro. O ato conta com o apoio de vários países, incluindo os Estados Unidos. Acompanhado por aliados, Guaidó vai liderar a manifestação com o objetivo de que ela chegue até a Assembléia Nacional.

O autodeclarado presidente da Venezuela, Juan Guaidó Foto: Juan Calero / Reuters

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A mobilização desta terça é a mais ambiciosa Guaidó desde que retornou de uma turnê por oito países. O líder oposicionista foi recebido por autoridades como  Donald Trump, Boris Johnson e Emmanuel Macron, bem como teve a oportunidade de discursar durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, e teve encontro com líderes da União Européia.

O objetivo da marcha é forçar o inicio de um debate para discutir medidas para tirar a Venezuela da crise e, principalmente, articular a convocação de novas eleições presidenciais, uma vez que os partidários de Guaidó consideram o governo de Caracas uma ditadura.

Antes mesmo da realização do ato, porém, forças leais ao governo de Nicolás Maduro já convocam uma "contramarcha" para defesa da soberania. O ato chavista deve ocorrer simultaneamente ao da oposição.

Teste de popularidade

A manifestação será um teste de popularidade para Juan Guaidó, que enfrenta uma queda de apoio popular, refletida na diminuição do número de participantes dos atos convocados por ele. Analistas apontam que seguidores da oposição ficaram desiludidos porque não vislumbram que as novas eleições prometidas por Guaidó sejam realizadas.

Apesar da instabilidade interna, é notório que o apoio externo a Guaidó cresceu. O próprio presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu "esmagar" o regime de Maduro.

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Trump já impôs severas sanções ao petróleo da Venezuela, comprometendo a principal fonte de recursos de um país afetado pela hiperinflação. O colapso do PIB  e o empobrecimento da população provocou a saída de quase cinco milhões de pessoas do país.

A produção de petróleo despencou devido à falta de investimentos, maus negócios e corrupção. Mesmo assim, o petróleo ainda representa mais de 90% das exportações venezuelanas.

Maduro considera as sanções criminosas e acusa Guaidó de fazer parte de uma "guerra" travada pelos Estados Unidos com o apoio do Brasil e da Colômbia.

Guaidó reconheceu na segunda-feira que existe uma relação entre suas mobilizações e contatos com Trump e aqueles que ele teve bilateralmente com os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro e Colômbia, Iván Duque.

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Caminho até a Assembleia Nacional

A resposta popular à marcha desta terça ainda é uma incógnita até mesmo para os líderes da oposição. A convocação para o ato foi feita quase exclusivamente por meio de redes sociais, mas o acesso à internet no país é instável  e sites independentes ou oposicionistas são bloqueados. A televisão é controlada pelo governo e ignora a oposição.

Não será fácil para a oposição chegar à Assembléia Nacional. O próprio Guaido assumiu que as forças de segurança tentarão bloquear seu caminho. "Nós já sabemos o que pode acontecer", disse Guaidó, indicando que rotas alternativas foram levantadas.

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O governo, que considera Guaidó um "traidor do país", começou nessa segunda-feira, 9, uma semana de exercícios militares em Caracas e em quatro estados. Soldados e carros blindados foram vistos no início dessa segunda-feira em várias áreas de Caracas.

A oposição diz que é uma mobilização para intimidar os manifestantes. "Eles fizeram o possível para usar o que lhes resta, e só lhes resta o terror", disse Guaidó.

Maduro, por outro lado, diz que a preparação é para uma intervenção militar estrangeira na Venezuela.

"Não é novo o que a ditadura faz, contramarchas, ameaças, levar veículos militares para as ruas. É o esquema da ditadura, não é novo", disse Guaidó. /AFP

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