MIAMI - A Guarda Costeira dos Estados Unidos afirmou ontem que o navio cargueiro El Faro, desaparecido desde quinta-feira quando foi atingido pelo furacão Joaquin, provavelmente naufragou nas Bahamas. Também ontem, equipes de resgate encontraram o corpo de um possível tripulante do navio.
As buscas por outros sobreviventes entre os outros 32 membros da tripulação do cargueiro deve continuar, informou a Guarda Costeira. Especialistas já qualificam o caso como o maior desastre envolvendo um navio americano desde 1983.
“Estamos assumindo que o navio naufragou”, disse o capitão da Guarda Costeira Mark Fedor, em Miami. Fedor disse que as equipes de busca e resgate não estão mais procurando pela embarcação, que enviou um sinal de socorro nas primeiras horas de quinta-feira, mas pelos demais membros da tripulação - que era composta por 28 americanos e 5 poloneses.
“Não podemos desconsiderar a vontade de qualquer pessoasobreviver e é por isso que ainda estamos procurando hoje (ontem)”, disse Fedor, que admitiu, no entanto, que as condições no mar na data do desaparecimentoeram pouco favoráveis.
Até ontem, o corpo localizado utilizando o traje de sobrevivência não havia sido identificado. As equipes também encontraram, entre destroços do navio, um bote salva-vidas - dos dois carregados pela embarcação.
No momento em que desapareceu, o cargueiro americano estava carregado com 391 contêineres e 294 automóveis, entre trailers e carros, segundo Fedor. A região do Oceano Atlântico onde acredita-se que El Faro naufragou tem aproximadamente 4.500 metros de profundidade.
Desastre. O cargueiro de 240 metros de comprimento deixou o porto de Jacksonville, na Flórida, na terça-feira da semana passada com destino a San Juan, em Porto Rico. No sinal de socorro enviado quinta-feira, responsáveis pela embarcação disseram ter perdido a propulsão e estar afundando depois de navegarem de encontro com Joaquin perto das Ilhas Crooked, nas Bahamas, informou a Tote Maritime Puerto Rico, proprietária da embarcação.
A National Transportation Safety Board (que atua em investigações de acidentes nos EUA) conduzirá uma investigação, com participação da Guarda Costeira, para determinar as causas do acidente, disse Fedor. Até o momento, a Tote Maritime não deu uma explicação oficial sobre como seu navio foi parar no centro de um furacão de categoria 4 (em uma escala que vai até 5) ao invés de tomar medidas evasivas para evitar a rota projetada do fenômeno.
Mile Hanson, um porta-voz da empresa, afirmou no sábado que o Joaquin ainda era considerado uma tempestade tropical quando o cargueiro zarpou de Jacksonville, mas que o fenômeno se intensificou rapidamente.
A maior parte dos membros da tripulação do navio era de Jacksonville e há na cidade uma crescente insatisfação em relação ao destino do cargueiro. “Eu culpo o capitão e a empresa”, afirmou Terrence Meadows, de 36 anos, um engenheiro júnior de marinha mercante que estava do lado de fora do International Union hall, o maior sindicato de membros da marinha mercante dos EUA. “Poderia ter sido eu (na embarcação). Meu coração está partido. Só posso imaginar o que aquelas pessoas tiveram que enfrentar. Você não entra nessa profissão para morrer dessa forma”, desabafou Meadows. / AP e EFE