
21 de agosto de 2013 | 02h02
LONDRES - O jornal The Guardian classificou ontem como "sem sentido" o fato de ter sido obrigado por autoridades britânicas a destruir discos rígidos de computadores que continham arquivos da Agência de Segurança Nacional americana (NSA, na sigla em inglês) fornecidos ao diário britânico pelo ex-agente de inteligência americano Edward Snowden. De acordo com o Guardian, cópias dos documentos secretos são mantidas em computadores em outros países.
"A decisão (de destruir os HDs) foi tomada depois de uma ação legal do governo que poderia ter impedido o relato sobre a extensão da vigilância dos governos americano e britânico revelados pelos documentos", afirmou o jornal. "Isso resultou em um dos episódios mais estranhos na história do jornalismo na era digital." Também havia no material documentos da Sede de Comunicações do Governo da Grã-Bretanha (GCHQ, na sigla em inglês).
Segundo o jornal, as autoridades britânicas deram duas alternativas: entregar os computadores ou destruí-los. "No sábado 20 de julho, em um deserto porão dos escritórios do Guardian em King's Cross (Londres), um editor sênior e um especialista em computação do Guardian usaram rebarbadoras e outras ferramentas domésticas para pulverizar os discos rígidos e chips de memória em que os arquivos encriptados haviam sido armazenados."
O procedimento foi acompanhado por dois técnicos da Sede de Comunicações do Governo, "que tomaram notas, mas saíram de mãos vazias".
O Guardian afirmou que o editor Alan Rusbridger, chefe de redação do jornal, havia informado os agentes do governo a respeito da existência das cópias dos documentos armazenadas em computadores fora da Grã-Bretanha. "Eu preferi destruir as cópias dos arquivos (na redação do jornal) do que entregá-las à NSA e à GCHQ", afirmou o jornalista em um vídeo.
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