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Guatemala supera Venezuela, mas não garante vaga no CS

País apoiado pelos EUA não obteve os dois terços necessários para conseguir o mandato de dois anos no mais poderoso órgão de decisão do organismo mundial

Por Agencia Estado
Atualização:

A Guatemala obteve mais votos do que a Venezuela nas três primeiras rodadas de votação para um assento não permanente no Conselho de Segurança da ONU, mas não os dois terços necessários para conseguir o mandato de dois anos no mais poderoso órgão de decisão do organismo mundial. O resultado foi visto como uma derrota para o presidente venezuelano, Hugo Chávez, que nos últimos meses vinha realizando uma campanha para conquistar a vaga. Segundo Chávez, caso levasse o assento, a Venezuela utilizaria o foro para falar em nome dos países pobres e contra os Estados Unidos. Os EUA e seus aliados, por sua vez, argumentaram que a presença de um representante de Chávez no Conselho de Segurança poderia desestabilizar e minar a credibilidade do órgão. As 192 nações que compõem a Assembléia-Geral elegeram a África do Sul, Indonésia, Itália e Bélgica para as outras quatro cadeiras abertas. A Guatemala, cuja candidatura é apoiada pelos Estados Unidos, recebeu 109 votos, 15 a menos do que os 124 necessários, o que forçou a realização de uma segunda rodada. A Venezuela ficou com 76 votos. Caso a próxima votação seja não conclua a vaga, outro país latino-americano será autorizado a entrar na disputa pela vaga. Costa Rica, Panamá e Uruguai podem ser incluídos na disputa. "Não estamos competindo com uma nação irmã", afirmou Franciso Arias Cardenas, embaixador da Venezuela na ONU. "Estamos competindo com o país mais poderoso do planeta dentro da casa dele". Diplomatas afirmaram que o bombástico discurso de Chávez, na Assembléia Geral realizada em setembro, feriu as chances da Venezuela conseguir um assento no Conselho de Segurança. Em seu discurso, Chávez chamou o presidente dos Estados Unidos George W. Bush de "demônio". Cárdenas acusou o governo Bush de ter pressionado os países membros da ONU para que a Venezuela não ganhasse uma vaga dentro do CS. "Nós vamos continuar e vamos chamar os países com dignidade, força, independência e autonomia, que é o que a ONU precisa agora", afirmou Cárdenas em entrevista a uma televisão de Nova York. A Guatemala tem o apoio da Colômbia, aparentemente de boa parte dos países da América Central, Europa e outros países. Alguns diplomatas expressaram que as atitudes do governo de Washington fizeram com que a disputa pela vaga no CS se transformasse em uma batalha entre Chávez e Bush. A Venezuela já participou quatro vezes do Conselho de Segurança do ONU. Guatemala, país que emerge depois de sofrer anos por uma ditadura, nunca teve uma vaga no Conselho, mas já contribuiu com tropas para forças de paz das Nações Unidas. Nos últimos meses, Chávez visitou países do leste europeu e da África em busca de apoio para a votação. O presidente venezuelano é acusado por seus opositores de gastar milhões de dólares na campanha por apoio e deixar de lado problemas domésticos como o combate à violência e à pobreza. Os dez assentos não permanentes no Conselho de Segurança da ONU são preenchidos por grupos regionais em turnos de dois anos. Os outros cinco assentos são ocupados pelo Reino Unido, China, França, Rússia e Estados Unidos, que têm poder de veto no Conselho. As 192 nações que fazem parte da ONU elegeram África do Sul, Indonésia, Itália e Bélgica para quatro assentos não permanentes do Conselho. Os países vão assumir seus lugares no dia 01 de janeiro de 2007, no lugar de Tanzânia, Japão, Dinamarca e Grécia. Esta matéria foi atualizada às 15h28 para acréscimo de informações.

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