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Guerra contra o terrorismo beneficia o Irã, dizem analistas

"O Irã substituiu os EUA como a potência mais influente no Oriente Médio"

Por Agencia Estado
Atualização:

O Irã é o principal beneficiado no Oriente Médio da chamada guerra contra o terrorismo dos Estados Unidos, por ter ampliado a sua influência sobre os países vizinhos, segundo um estudo do Instituto Real de Relações Internacionais, conhecido como Chatham House. O estudo afirma que o Irã substituiu os EUA como "a potência mais influente em toda a região". Com a ajuda de seus aliados, os EUA eliminaram dois dos governos regionais rivais do Irã: o regime taleban do Afeganistão, em novembro de 2001, e o iraquiano sunita de Saddam Hussein, em abril de 2003. No entanto, Washington não foi capaz de substituir os regimes eliminados por estruturas políticas coerentes e estáveis, criticam os autores do estudo, intitulado "Irã, seus vizinhos e as crises Regionais". O relatório afirma que os dois últimos conflitos de Israel - com os palestinos, em Gaza e com a milícia xiita Hezbollah, no Líbano - provocaram ainda mais instabilidade. As guerras e a instabilidade no Iraque "fortaleceram ainda mais o Irã", argumentam os autores do documento. Para eles, "o plano americano de enfrentar o Irã foi gravemente comprometido". O Irã é "importante demais, por razões políticas, econômicas, culturais, religiosas e militares, para ser tratado superficialmente por qualquer outro país do Oriente Médio e inclusive da Ásia", dizem os analistas. Um dos autores, Ali Ansari, professor de História Moderna na Universidade de St. Andrews, da Escócia, disse nesta quarta-feira à emissora rádio 4 da BBC que os EUA têm de rever o conjunto de sua política na região. Segundo Ansari, Washington deve decidir primeiro "o que quer e a forma de conseguir, porque por enquanto é como se estivesse pondo um remendo numa ferida aberta". Os autores do relatório comentam o suposto plano iraniano de desenvolver uma bomba nuclear. Eles dizem que a importância do país em toda a região "ajuda a explicar por que o Irã se sente forte o bastante para resistir às pressões ocidentais". Enquanto americanos e europeus recorrem à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e ao Conselho de Segurança da ONU, o Irã "continua certo da vitória graças a circunstâncias cada vez mais favoráveis".

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