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Guerra curta deve limitar impacto sobre emergentes

Por Agencia Estado
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A guerra no Iraque deverá começar até o final de abril, não irá durar mais do que três meses e resultará na saída de Saddam Hussein do poder. Diante desse cenário, considerado o mais provável pela consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU), o impacto de uma alta dos preços do petróleo sobre os mercados emergentes deverá ser limitado. Nos últimos dias, os preços do petróleo Brent, pressionados pela possibilidade de instabilidade no Golfo, têm oscilado entre US$ 32 e US$ 34. A consultoria acredita que com o início da guerra, esse nervosismo nos mercados vai aumentar ainda mais, elevando os preços do barril de petróleo Brent para a faixa entre os US$ 40 e US$ 45. "Mas essa alta deverá ter vida curta pois a Arábia Saudita e outros produtores da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) já aumentaram o abastecimento de petróleo nos últimos meses e poderão promover novos aumentos", disse a EIU. "Assim que isso ficar claro, talvez uma semana após o início da guerra, os preços do petróleo vão começar a cair." Segundo a consultoria, desde que a alta dos preços não seja longa, não haverá um impacto significativo na demanda da economia global. A consultoria acredita que os preços do petróleo sofrerão uma forte queda após o "provável êxito na guerra" dos Estados Unidos. Uma recuperação da produção petrolífera do Iraque e da Venezuela deverá aliviar os fatores que vêm limitando o abastecimento da commodity. "Na verdade, os preços poderão começar a declinar antes mesmo do fim da guerra, como aconteceu no conflito no Golfo em 1991, quando ficou clara a vitória das tropas norte-americanas", disse a consultoria. "Mesmo se o conflito for prolongado, ele poderá não gerar um elevado prêmio de risco se ficar claro que a Opep continuará a compensar qualquer queda no abastecimento global". No longo prazo, a EIU afirma que os preços do petróleo irão continuar a sua tendência baixista das últimas décadas. A produção iraquiana deverá ser dobrada até 2005, estimulada por investimentos estrangeiros. Além disso, países produtores que não integram a Opep deverão aumentar a oferta da commodity. Isso, segundo a consultoria, poderá levar o preço do barril para cerca de US$ 15 em 2006. Alta prolongada do petróleo poderia forçar aperto monetário em emergentes A EIU salienta, no entanto, que a possibilidade de o conflito durar mais do que o previsto e, com isso, os preços do petróleo se manterem num patamar elevado por boa parte de 2003, não pode ser descartada. "Um período longo de preços de petróleo elevados poderia forçar os produtores nos mercados emergentes a repassarem os aumentos dos custos dos combustíveis para os consumidores, o que resultaria numa inflação maior", disse. "Os bancos centrais teriam então de decidir se convivem com a aceleração inflacionária ou suprimem as pressões nos preços através do aperto monetário, com implicações negativas para a demanda doméstica e crescimento econômico". Se uma alta sustentável dos preços do petróleo tiver um forte impacto na confiança dos consumidores norte-americanos, os países emergentes seriam forçados novamente a ajustar a demanda doméstica às condições de financiamento externo mais severas. "Isso representaria um desafio principalmente para a endividada América Latina, cuja dependência nos fluxos de dinheiro vivo para financiar investimentos e crescimento é grande, mas também machucaria a Ásia, que tem uma forte dependência do comércio com os Estados Unidos", afirmou a EIU.

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