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Guerra dos EUA contra terrorismo levou a mais violações dos direitos humanos

Por Agencia Estado
Atualização:

Muitos países criticam ou se recusam a unir-se à guerra contra o terrorismo promovida pelos EUA em parte devido à tendência americana de ignorar os direitos humanos em seus combates, denunciou nesta terça-feira o grupo ativista Human Rights Watch. Em vários países importantes que participam da campanha contra o terrorismo, como Paquistão e Arábia Saudita, o informe diz que até mesmo o apoio retórico americano aos direitos humanos foi pouco eficaz. Quando os EUA tentam promovê-los, sua credibilidade se mostra afetada por sua própria recusa em seguir as linhas que Washington propõe aos outros, indica a pesquisa anual do organismo. "A tendência de Washington em ignorar os direitos humanos na luta contra o terrorismo não somente é perturbadora em si mesma. É também contraproducente. E o ressentimiento que gera coloca em risco o recrutamento contra o terrorismo, desanima possíveis aliados e debilita as ações para impedir as atrocidades dos terroristas", indica o documento. Por exemplo, os EUA começaram a gerar ressentimento no Paquistão ao apoiarem incondicionalmente o presidente Pervez Musharraf, que tomou o poder durante um golpe de Estado em 1999, disse o Human Rights Watch. Na China, o governo de George W. Bush não denunciou a repressão de muçulmanos na província de Xinjiang, justificada pelo governo como uma medida contra o terrorismo. O informe de 558 páginas Human Rights Watch World Report 2003 cobre a situação dos direitos humanos em 58 nações durante 2002. Identifica também tendências positivas, como o fim formal das guerras em Angola e Serra Leoa, assim como as conversações de paz em Sri Lanka. Mas acontecimentos negativos como os contínuos assassinatos de civis em conflitos desde a Colômbia até a Chechênia, desde o Congo até o conflito palestino-israelense, são igualmente assinalados. Além disso, o grupo pelos direitos humanos diz que governos como os de Mianmá, China, Cuba, Irã, Iraque, Libéria e Vietnã mantêm políticas muito repressivas. No entanto, acrescenta, os "EUA são de longe os maiores violadores dos direitos humanos do mundo", diz Kenneth Roth, diretor executivo do grupo, com sede em Nova York. Ele comenta que "Washington tem tanto poder que, quando desrespeita os direitos humanos, isto afeta a causa dos direitos humanos em todo o mundo".

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