Guerra no Iraque não será vencida militarmente, diz Baker

Líderes dos EUA examinaram neste domingo o delicado panorama no Iraque

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Por Agencia Estado
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A guerra no Iraque não será vencida militarmente, mas sim pela via política, disse neste domingo James Baker, co-presidente do grupo independente de estudos sobre o país árabe em uma análise da situação. No contexto do relatório da comissão bipartidária, líderes dos EUA examinaram neste domingo o delicado panorama no Iraque, algo reconhecido até pelo próprio presidente americano, George W. Bush, que até pouco tempo se vangloriava das conquistas obtidas em território iraquiano. A comissão fez 79 recomendações para uma mudança de rumo na estratégia do país. Os membros do grupo independente defenderam na televisão seu apelo para que Bush mude sua política no Iraque, e ressaltaram que coincidem com a posição e meta do presidente, de consolidar um Governo iraquiano que possa se sustentar e se defender sozinho. Baker, que já foi secretário de Estado americano, e o ex-legislador democrata Lee Hamilton, que comandaram o estudo entregue na quarta-feira ao presidente, disseram a vários canais de televisão que "uma diplomacia regional mais forte" é a melhor maneira de promover a paz e a estabilidade na região. Entre as recomendações formuladas, consideram que Washington tem que analisar a retirada gradual dos mais de 140 mil militares americanos no Iraque e deixar apenas um determinado número de assessores para treinar as Forças Armadas do novo Governo de Bagdá. "Não venceremos esta guerra militarmente", afirmou Baker, junto a Hamilton, em entrevistas separadas para "CBS", "NBC" e "Fox". Acrescentou que a guerra só pode ser vencida politicamente, e que, na sua opinião, tem que haver uma reconciliação política no Iraque entre as diversas facções. Caso contrário, um grande problema continuará, "um problema de grandes grupos". Para Baker, não é uma resposta adequada dizer que a reconciliação não será feita ou não será buscada pelo fato de ser um assunto polêmico. Mudança da política Na rede de televisão "ABC", o senador democrata Joseph Biden, que será o próximo presidente do Comitê das Relações Exteriores da Câmara Alta no 110º Congresso, que começará em 4 de janeiro de 2007, coincidiu com a comissão na necessidade de uma mudança urgente da política dos EUA. A mesma posição foi expressada por seu correligionário, o senador Carl Levin, e outros legisladores que também colocaram suas posições sobre o Iraque na televisão. O presidente Bush disse que levará em conta as recomendações do grupo, mas insistiu neste fim de semana que a vitória no Iraque é "vital" para a paz e estabilidade na região e para a segurança dos Estados Unidos. Bush disse que uma retirada precipitada das tropas americanas levaria ao caos no Iraque e daria aos terroristas a oportunidade de aumentar a violência. Ele reiterou a decisão de continuar a luta da Casa Branca pela democracia iraquiana e de ajudar o povo a atingir suas metas de uma vida melhor em um marco de democracia. Críticas Enquanto isso, em Bagdá, o presidente iraquiano, Jalal Talabani, criticou duramente o relatório da comissão Baker-Hamilton, cujas recomendações classificou de "muito perigosas". Talabani disse que as sugestões poderiam prejudicar a soberania de seu país. Estas afirmações foram refutadas taxativamente tanto por Baker como por Hamilton. Este último acha que é possível conseguir as metas buscadas no país árabe. O grupo bipartidário independente sobre o Iraque propôs aumentar logo os esforços políticos e diplomáticos no Iraque e na região, assim como transformar a missão das tropas dos EUA que estão no local. Os autores reconheceram que suas recomendações não são uma "fórmula mágica", mas oferecem, de acordo com seu ponto de vista, um caminho alternativo para uma situação "grave e que está se deteriorando". Caso a deterioração continue, adverte o relatório, o Iraque "caminhará rumo ao caos, que poderia precipitar o desmoronamento do governo iraquiano e uma catástrofe humanitária".

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