Guerra pode devastar direitos humanos, conclui debate na OAB

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Os efeitos da guerra declarada pelo governo dos Estados Unidos contra o terrorismo mundial podem ser devastadores para a ação das entidades humanitárias e de defesa dos direitos humanos no Brasil e no mundo, avaliaram nesta sexta-feira, em São Paulo, representantes de associações de direitos humanos reunidas na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para debater a questão dos mortos e desaparecidos políticos durante o regime militar brasileiro. O deputado federal Luís Eduardo Greenhalgh, das comissões de Direitos Humanos e de Relações Exteriores, informou que as entidades de direitos humanos já se mobilizam para denunciar ações indiscrimináveis que possam ser levadas a cabo pelo governo norte-americano. "A partir do momento em que o governo dos Estados Unidos parte para uma ofensiva militar, para a vingança, não terão mais a solidariedade das entidades humanitárias. Com certeza, estas entidades também serão discriminadas", disse o deputado. Na avaliação de Greenhalgh, o trabalho das associações humanitárias já começa a ser confundido, e os prejuízos são evidentes no próprio Afeganistão, onde se prevê, segundo ele, a ocorrência de uma "catástrofe humanitária". "São claros os indícios de restrição ao movimento e à captação de recursos para estes grupos", avaliou. O deputado estadual Renato Simões afirmou que já está sendo mobilizado pelas associações de defesa de direitos humanos mundiais um grande abaixo assinado em defesa da paz e contra qualquer forma de retaliação indiscriminada. O debate desta sexta-feira foi promovido pela Comissão de Direitos Humanos da OAB. "Os valores democráticos estão cada vez mais na ordem do dia", afirmou o coordenador da comissão, João José Sady. Para Elzira Vilela, coordenadora do grupo "Tortuta Nunca Mais", as questões levantadas no debate "não se reduzem à indenização e reparação" das vítimas e de seus familiares. "Precisamos saber em que condições a tortura e a morte de militantes realmente aconteceu", disse ela. Em nome do Tortura Nunca Mais, Elzira encaminhou à OAB um pedido de questionamento judicial da decisão dos militares de manter em segredo parte dos arquivos com documentos sobre a guerrilha do Araguaia. "É indispensável a abertura dos arquivos das Forças Armadas, para que possamos localizar corpos de militantes que ainda estão sem sepultamento", afirmou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.