Guerra pode ter apontado a história para uma nova direção; leia análise

Guerra na Ucrânia não anula esforço de três presidentes dos EUA em mudar foco para China

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Por Marc Fisher
Atualização:

Guerras regionais com frequência têm vocação de espalhar caos para muito além dos campos de batalha; a guerra civil síria, por exemplo, envolveu similarmente os EUA, potências da Europa Ocidental e a Rússia. Mas a guerra na Ucrânia reestruturou quase instantaneamente a dinâmica global de poder, em parte por causa da ameaça nuclear de Vladimir Putin e em parte porque o mundo se tornou muito mais interconectado nos anos recentes - em termos de comércio, tecnologia, mídia e política.

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A agressão de Putin colocou em alerta políticos americanos belicosos em relação à China. O líder da minoria na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, republicano na Califórnia, pediu que os EUA aumentem o apoio militar a Taiwan, para que a China não considere a guerra na Ucrânia um sinal de que agora é o momento de agir contra a nação insular.

Talvez a mais acentuada transformação tenha ocorrido na Alemanha, no centro da Europa. O país que iniciou duas guerras mundiais havia conseguido manter os pés firmemente fincados no Ocidente mesmo enquanto mantinha laços próximos com a Rússia. Simultaneamente, a Alemanha dependeu da aliança da Otan para se defender contra a Rússia enquanto foi altamente dependente do petróleo e do gás natural exportados pelos russos.

Conselho de Segurança da ONU se reúne após invasão da Ucrânia pela Rússia. Foto: REUTERS/Carlo Allegri (07/03/2022)

Agora, em uma súbita mudança ocasionada pela guerra na Ucrânia, Berlim decidiu fornecer armamento letal aos ucranianos, cortar as transações alemãs com bancos da Rússia, suspender a finalização de um gasoduto entre Rússia e Alemanha e elevar seu gasto em defesa a um montante sem precedentes.

Se a proximidade geográfica com o campo de batalha torna esta guerra mais assustadora para os europeus, a distância geográfica pode surtir o efeito oposto sobre as atitudes dos americanos em relação à guerra.

Mesmo uma guerra que reverbera mundialmente é incapaz de estabelecer pontes entre os divididos campos culturais e políticos do país, e ainda resta ver por quanto tempo a opinião pública - agora demonstrando grandes maiorias de americanos e, apoio a uma resposta firme dos EUA à agressão russa - permanecerá unificada. A guerra na Ucrânia não anula os esforços de pelo menos três presidentes americanos consecutivos em mudar o foco da política externa do país para China e Ásia.

Mesmo se o foco americano na Ucrânia se desvanecer com o tempo, o papel da Rússia na Europa e outras regiões não pode ser ignorado. E mesmo que os EUA não dependam da energia russa, grande parte da Europa depende./ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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