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Guerrilha sunita avança no Iraque e toma Tikrit

Um dia após conquistar Mossul, rebeldes contrários ao governo xiita controlam cidade e dizem que planejam ‘marchar até Bagdá’

Atualização:

(Atualizada às 23h30) BAGDÁ - Insurgentes sunitas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Isil, na sigla em inglês) ampliaram na quarta-feira, 11, sua ofensiva contra forças de segurança do norte iraquiano, tomando as cidades de Tikrit e Baiji e avançando na direção de Bagdá. Os militantes fecharam a principal refinaria de petróleo do país - no dia seguinte à conquista de Mossul, a segunda maior cidade iraquiana.

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Abu Mohamed al-Adnani, porta-voz do Isil, disse que os jihadistas planejam “marchar até Bagdá”. A batalha, segundo ele, “arrasará” a capital e a cidade de Kerbala. Testemunhas relataram que policiais e militares de Tikrit, cidade natal do ditador Saddam Hussein, e Baiji, onde fica a principal usina de refino de petróleo no território iraquiano, ofereceram pouca resistência aos radicais. 

Os islamistas chegaram em cerca de 60 veículos a Tikrit, ocuparam a sede da administração provincial e hastearam a bandeira negra do Isil. “Nossas forças foram pegas de surpresa, não esperavam que o Isil usasse veículos da polícia e do Exército. Nós os confundimos com forças do governo e já era tarde demais para impedi-los”, afirmou um capitão de polícia local que fugiu para Samarra.

Depois de conquistar Tikrit, mais de cem insurgentes se concentraram para rezar. Imagens da TV Al-Hurra mostraram militantes do Isil patrulhando as ruas de Duluiyah, a menos 100 quilômetros de Bagdá, mas não ficou claro se eles haviam tomado a cidade. Combates entre insurgentes e forças do governo xiita também ocorreram em Samarra, a 110 quilômetros da capital iraquiana.

Juntamente com o controle que o Isil já exerce na província sunita de Anbar, no oeste do Iraque, o recente avanço dos radicais no norte, em direção a Bagdá, representa um duro golpe contra o governo do primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki, que denuncia uma “conspiração” contra seu governo. 

Estima-se que cerca de 500 mil habitantes de Mossul, capital da Província de Nínive, e de suas imediações tenham deixado a região na direção do Curdistão iraquiano. Com o objetivo de criar um califado sunita no Iraque, os insurgentes já tinham tomado, em janeiro, Faluja e Ramadi, em Anbar. 

Os insurgentes tomaram 49 reféns nesta quarta no consulado turco em Mossul, entre eles, o cônsul-geral, seus parentes e militares das forças especiais da Turquia. O Isil já mantinha cativos 31 motoristas de ônibus turcos desde a terça-feira em uma usina de energia da cidade. 

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O governo turco disse que vai retaliar caso seus cidadãos sofram nas mãos dos captores. A pedido da Turquia, a Otan fez uma reunião de emergência para discutir a crise. Washington também demonstrou preocupação, prometendo dar “qualquer assistência adequada” às autoridades iraquianas. Uma das possibilidades é o ataque de drones. Extraoficialmente, o Iraque sinalizou que aceita o apoio aéreo dos EUA.

Uma série de ataques a bomba deixou pelo menos 37 mortos em regiões xiitas no centro e no sul do Iraque. Em Bagdá, um suicida matou 15 pessoas e feriu 34 ao detonar seus explosivos em uma tenda onde líderes tribais se reuniam, em Sadr City. Outras explosões deixaram mortos e feridos no norte da capital, em Kerbala e em Basra. / NYT, REUTERS e AFP

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