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Guiana acusa Venezuela de invadir zona de garimpo em seu território

Georgetown afirma que soldados explodiram dragas; Caracas diz que ação ocorreu no lado venezuelano da fronteira

Por Georgetown e Guiana
Atualização:

O ministro das Relações Exteriores da Guiana, Rudy Insanally, convocou o embaixador venezuelano em Georgetown, Dario Morandy, para dar explicações sobre uma suposta invasão territorial seguida de ataque a uma zona de garimpo ocorrida anteontem por tropas venezuelanas na fronteira entre os dois países. Morandy disse que a ação ocorreu do lado venezuelano da fronteira. De acordo com Insanally, 36 soldados venezuelanos, apoiados por helicópteros, usaram explosivos C-4 para destruir duas dragas de garimpo de ouro num rio perto da fronteira. As embarcações foram destruídas e ninguém ficou ferido. O governo da Guiana enviou ontem soldados para investigar o caso. Não ficou claro se o incidente ocorreu no Rio Cuyuni ou no Rio Wenamu. Os investigadores utilizarão um aparelho de GPS para comprovar a invasão territorial venezuelana. O embaixador venezuelano negou que seus soldados tenham invadido o país vizinho. Segundo ele, a operação de três dias, que deve terminar hoje, buscava prender garimpeiros venezuelanos, guianeses e brasileiros que agem ilegalmente na região. "Os soldados tentavam expulsar cerca de 200 famílias que realizavam mineração ilegal no território da Venezuela", disse Morandy, ressaltando que os dois países "são bons vizinhos e não vão brigar por esse caso". A explicação do venezuelano, no entanto, não convenceu o governo guianense. "Não há justificativa", afirmou Insanally. DISPUTA TERRITORIAL O incidente é potencialmente explosivo para as relações entre a Venezuela e a Guiana. A Venezuela reclama há um século direitos territoriais sobre toda a região a oeste do Rio Essequibo, que corta a Guiana ao meio, cedida à então colônia britânica da Guiana após um laudo arbitral de 1899. A região é rica em petróleo, minérios e outros recursos. Desde 1989, a ONU media a disputa. Desde que assumiu o poder, há 8 anos, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, vem modernizando as Forças Armadas do país, com o objetivo de se tornar o líder da maior potência militar da América do Sul. Em recente entrevista publicada pelo Estado, Salvador Raza, diretor-geral do Centro de Tecnologia, Relações Internacionais e Segurança (CeTRIS), um centro de estudos com sede em São Paulo, disse que "a invasão da Guiana é uma possibilidade forte nesse quadro", possibilidade também reconhecida por fontes militares. AFP E EFE

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