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Guiné aponta líder oposicionista como primeiro-ministro

Por AE-AP
Atualização:

Os líderes da Guiné apontaram um veterano oposicionista como primeiro-ministro, informou hoje um porta-voz do governo. Trata-se de um passo importante para preparar a nação do oeste da África para a transição de um regime militar para eleições democráticas, ainda este ano.Jean-Marie Dore havia questionado abertamente a capacidade do líder golpista, capitão Moussa "Dadis" Camara, de administrar o país. Dore sobreviveu a uma tentativa de homicídio no mês passado, quando foi brutalmente agredido por soldados de Camara.O próprio Camara e o presidente interino, general Sekouba Konate, concordaram com a nomeação de Dore, segundo o ministro de Informação da junta militar, Idrissa Cherif.Os militares tomaram o poder há um ano. "Jean-Marie Dore foi selecionado em colaboração próxima dos dois e na presença de (o presidente de Burkina Faso, Blaise) Compaore", disse Cherif.O ministro disse ainda que os dois militares já escolheram 30 membros do gabinete, com representação dividida entre o partido governista de Camara, a oposição e intelectuais do país. Segundo ele, cada grupo terá dez nomes no governo.Camara e Konate fecharam o acordo em Burkina Faso, um país próximo de Guiné. Camara fugiu para Burkina Faso desde que foi expulso do Marrocos, para onde havia ido após sofrer uma tentativa de assassinato.Camara concordou em se manter exilado voluntariamente, enquanto Konate havia sido apontado como presidente interino para organizar as eleições dentro de seis meses.Dore estava entre as dezenas de milhares de pessoas que foram ao principal estádio de futebol da capital, em setembro, para protestar contra Camara. Membros da guarda presidencial de Camara atiraram na multidão, matando pelo menos 156 pessoas e estuprando dezenas de mulheres.O pequeno país, rico em minerais, tem passado por um período turbulento, desde que Camara tomou o poder em um golpe, em dezembro de 2008, horas após a morte do ditador Lansana Conté, que estava no poder desde 1984.Inicialmente, Camara prometeu que realizaria eleições dentro de um ano, nas quais ninguém da junta militar poderia concorrer. Posteriormente, deu pistas de que planejava ser candidato.O acordo firmado em Ouagadougou, capital de Burkina Faso, é visto como um marco para a Guiné. Ainda não é possível prever, porém, se o grupo de militares que tem se beneficiado sob a liderança de Camara aceitará um pacto de longo prazo.

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