Haitiano é resgatado com vida 11 dias após terremoto

Homem de 23 anos foi salvo no dia em que buscas oficiais foram declaradas encerradas.

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Por BBC Brasil
Atualização:

Um homem haitiano foi retirado com vida dos escombros de um hotel neste sábado, 11 dias depois do terremoto que devastou o país e no dia em que as buscas oficiais foram declaradas encerradas. O homem, de 23 anos, foi levado em uma maca dos escombros do hotel Napoli Inn, na capital, Porto Príncipe. Haitianos e membros das equipes de resgate aplaudiram quando o homem, que parecia estar sorrindo, foi levado para uma ambulância, segundo o correspondente da BBC Adam Mynott. O homem, identificado apenas como Richmond, estaria com sede, mas em bom estado de saúde. Um membro francês da equipe, coronel Arnaud, de resgate descreveu o salvamento, após uma operação de 2,5 horas, como "um milagre". Ele disse que a equipe foi alertada por familiares de Richmond. Segundo o francês, o homem deve ter conseguido um pouco de água nos 11 dias, e foi beneficiado pelo fato de que os escombros sobre ele eram principalmente madeira, e não concreto. Segundo o coronel Arnaud, o homem disse que havia outras quatro pessoas presas nos escombros com ele, mas que pararam de se mexer há alguns dias. As equipes estão agora procurando sinais de vida nos escombros. Fim das buscas O resgate ocorreu no dia em que o governo do Haiti declarou encerrada a fase de buscas de vítimas do terremoto que devastou o país na semana passada, segundo comunicado divulgado neste sábado pela Organização das Nações Unidas (ONU). A decisão foi tomada mesmo após o resgate com vida, na sexta-feira, de duas novas vítimas, após passarem dez dias sob os escombros. Uma das vítimas era uma mulher de 84 anos, retirada em estado grave das ruínas de sua casa na capital haitiana, Porto Príncipe, com uma severa desidratação e ferimentos profundos. Segundo os membros da equipe que a resgataram, ela mal se mexia, tinha ferimentos por todo o corpo e vermes, que se alimentam de carne em decomposição. Ela foi levada ao hospital principal de Porto Príncipe. Uma equipe de resgate israelense também retirou mais tarde um homem de 22 anos dos escombros de sua casa. Ele saiu debilitado, mas em condição estável, e contou ter sobrevivido bebendo a própria urina. Ele ficou preso em um bolsão de ar criado pelos móveis de sua casa que caíram sobre ele quando o imóvel desabou. Mortes confirmadas O Ministério do Interior haitiano divulgou nesta sexta-feira o número oficial de 111.499 mortes confirmadas no terremoto de magnitude 7 que atingiu a região da capital do país no dia 12 de janeiro. Estima-se, porém, que o número final de mortos possa chegar a 200 mil. Segundo o comunicado do Ministério do Interior, ao menos 193.891 pessoas ficaram feridas com o tremor, que afetou ao menos 3 milhões de pessoas, de acordo com estimativas da ONU. Cerca de 610 mil pessoas estão desabrigadas e vivendo em campos improvisados na capital, segundo o governo. Na quinta-feira, o governo haitiano havia anunciado a transferência de 400 mil pessoas para campos de desabrigados em outras cidades do país menos afetadas. Segundo a estimativa da ONU, mais de 130 mil pessoas desabrigadas já deixaram a capital, aproveitando as ofertas do governo de transporte gratuito para cidades no norte e no sudoeste do país. Ajuda humanitária O comunicado das Nações Unidas deste sábado afirma ainda que os esforços de ajuda humanitária deverão ser intensificados nas cidades afetadas pelo tremor. Muitas vítimas do terremoto reclamam que a ajuda não tem chegado até elas. Em muitos campos de desabrigados, falta água potável, e a distribuição de alimentos é difícil. Apesar disso, a vida em Porto Príncipe começa a voltar à rotina, com lojas abrindo e ônibus voltando a circular. Mas as preocupações com segurança permanecem. Na sexta-feira, o chefe da polícia na região da favela Cité Soleil, Aristide Rosemont, apelou por ajuda para combater a violência na região, após relatos de saques e roubos. Cerca de 5 mil prisioneiros conseguiram fugir da principal cadeia de Porto Príncipe durante o terremoto. Muitos deles seriam membros de gangues criminosas de Cité Soleil e teriam retornado à favela. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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