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Haitianos agradecem Brasil por ´pacificação´ em Cité Soleil

Ao som de um trio elétrico e de uma banda escolar que entoou o hino haitiano e a Canção do Exército brasileiro, a população saiu às ruas gritando "Brasil, Brasil"

Por Agencia Estado
Atualização:

Um carnaval fora de época. Uma marcha pela paz. Cerca de 20 mil haitianos cantaram, dançaram e comemoram pelas ruas da capital, Porto Príncipe, a ´pacificação´ da região caracterizada pela ONU como a mais violenta do Haiti, o bairro de Cité Soleil. Ao som de um trio elétrico e de uma banda escolar que entoou o hino haitiano e a Canção do Exército brasileiro, a população saiu às ruas gritando "Brasil, Brasil", em um local que era até o início de abril dominado por criminosos, que assassinavam, seqüestravam e causavam pânico em Porto Príncipe. O local foi visitado pela reportagem do estadão.com.br nesta sexta-feira, 27, dia em que a marcha foi realizada. Apesar da estabilidade conseguida em Cité Soleil, o Haiti continua enfrentando sérios problemas em relação à segurança, e diversas pessoas ouvidas pela reportagem demonstraram o desejo de que o as tropas permaneçam no país por mais tempo. Até a retirada dos criminosos, as tropas da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah) não podiam entrar em Cité Soleil e eram alvo dos bandidos. Nenhuma autoridade legítima estava instituída na região. A população vivia com medo e aterrorizada pela gangue de Evens Jeune. Até que, por iniciativa e comandadas pelo Brasil, tropas sul-americanas realizaram uma operação que tomou pontos estratégicos da gangue e iniciou, no início de março, a pacificação do bairro, que está sob tutela do Exército Brasileiro. O haitiano Yves Louis, de 50 anos, explica o motivo da manifestação, organizada pelo novo prefeito e por líderes comunitários: "Esta marcha é digna do que o Brasil fez aqui. Eu não saía à rua com medo e agora todos podemos voltar a viver em Cité Soleil. Agora está se estabelecendo a Justiça e Deus vai ver que ainda há esperança no Haiti". Questionado sobre se já não era hora das tropas deixarem o Haiti, o desempregado disse acreditar que a Minustah deve deixar o país caminhar com suas próprias pernas um dia, mas não agora. "Queremos que as tropas vão embora e passem o comando para a nossa polícia. Mas não agora. Se o Brasil for embora, todos os bandidos vão voltar. Acabamos de ter a oportunidade de sair às ruas. Se o Brasil for embora, eles vão voltar a agir", afirmou ao estadão.com.br. Seu sonho, agora, é que a ONU propicie a criação de empregos e tire a população da pobreza. "Quero muitas escolas profissionalizantes. Escola e emprego são a solução para que nossos jovens não entrem na bandidagem". Em inglês fluente, assim como muitos haitianos, Johnny Gerond, de 40 anos, aproxima-se também para pedir emprego. Ele diz que todo o Haiti "será eternamente agradecido ao Brasil por tirar os bandidos" da região e que o "Brasil não deve sair agora" do local. "Há gente que não gosta do Brasil e que quer que os militares saiam. Mas eles são uma minoria, só os bandidos. Agora temos paz e meus filhos podem brincar na rua sem problemas?, relatou. A passeata durou mais de quatro horas e partiu de 17 locais diferentes, concentrando-se em frente à praça Fierte Soleil, onde o Brasil mantém uma base avançada de atuação. Tropas da Polícia Nacional Haitiana (PNH), da polícia de choque da ONU, militares da China, Brasil, Paraguai e Bolívia fizeram a segurança da manifestação, que contou com a presença do embaixador brasileiro no Haiti, Paulo Cordeiro. Esta é a primeira grande manifestação no país desde as eleições presidenciais, ocorridas em fevereiro de 2006. A repórter viajou a convite do Exército Brasileiro

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