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Haitianos nos EUA se mobilizam para ajudar vítimas de terremoto

Comunidade em Miami e Nova York recolhe donativos e consegue voluntários para viajar ao país.

Por Alessandra Corrêa
Atualização:

A comunidade haitiana nos Estados Unidos está se mobilizando para enviar ajuda às vítimas do terremoto que deixou milhares de mortos em seu país natal. No bairro de Miami conhecido como "Little Haiti", o clima na quarta-feira era de solidariedade e de apreensão, enquanto vários moradores tentavam, sem sucesso, fazer contato com familiares que estavam na área atingida pelo terremoto. Muitos haitianos, entre eles médicos, enfermeiros e engenheiros, se preparavam para retornar ao país e ajudar nos trabalhos de resgate e auxílio às vítimas. "Já temos mais de 300 voluntários que querem ir ao Haiti", disse à BBC Brasil a haitiana Rasha Cameau, que ajuda a coordenar o recolhimento de medicamentos, água, comida e outros donativos enviados a um armazém em Miami. Mais de 300 mil haitianos vivem em Miami e no sul da Flórida. "Na manhã desta quinta-feira, o primeiro carregamento com doações estará pronto para ser enviado ao Haiti", disse Cameau, que ainda aguardava definição sobre o modo de transporte do material. Em Nova York, que abriga cerca de meio milhão de haitianos, ativistas organizam o treinamento de voluntários para ajudar nos trabalhos de resgate. "Estamos pedindo às pessoas que se registrem como voluntários", disse à BBC Brasil a diretora da organização Haitian Americans United for Progress, Elsie St. Louis-Accilien. "Quem quiser ajudar de maneira mais imediata deve doar dinheiro a organizações com infra-estrutura suficiente para distribuir os recursos às vítimas, como a Cruz Vermelha", disse. Internet Segundo o presidente da organização Haitian-American Grassroots Coalition, Jean-Robert LaFortune, que vive há 30 anos em Miami, a falta de infra-estrutura na capital haitiana, Porto Príncipe, devastada pelo terremoto, dificulta ainda mais o envio de auxílio às vítimas. A falta de comunicação com o Haiti também prejudica os esforços. Desde a notícia do terremoto, na terça-feira, Jean-Robert LaFortune tentava falar com familiares em Porto Príncipe. "Ainda não consegui", disse à BBC Brasil. Muitos haitianos nos Estados Unidos estão usando sites como o Facebook e o Twitter para receber notícias de familiares na área atingida pelo terremoto. Rasha Cameau disse que passou a madrugada e a manhã de quarta-feira tentando contato com os pais, a irmã e os avós, que vivem na capital haitiana. "Ao meio-dia, recebi uma mensagem pelo Facebook, dizendo que minha irmã estava bem", disse. "Pouco depois, finalmente consegui trocar mensagens de telefone com ela." Segundo Cameau, o hotel em que sua irmã trabalhava como chefe de cozinha foi destruído pelo terremoto. "Ela contou que estava na cozinha, sentiu um tremor e conseguiu correr para a porta. Escapou apenas com ferimentos leves na cabeça e nas pernas." Na noite de quarta-feira, a ativista Maeva Renaud finalizava a criação de um site (www.haitifamilyfinder.org) para ajudar os haitianos a entrar em contato com familiares e amigos. Magnitude A magnitude da destruição provocada pelo terremoto da terça-feira surpreendeu os haitianos nos Estados Unidos, já acostumados a se mobilizar diante de outras tragédias em seu país natal. "O Haiti está acostumado a sofrer com furacões e inundações", disse Renaud, que mora nos Estados Unidos desde 1991. "Mas desta vez a situação é mais catastrófica. Ninguém esperava por isso." Segundo St. Louis-Accilien, muitos órgãos de governo e agências humanitárias no Haiti que poderiam ajudar as vítimas também foram destruídos pelo terremoto. "Os esforços de ajuda e reconstrução devem se estender por muito tempo", disse a ativista. "Nada do que o Haiti sofreu antes teve a magnitude deste terremoto." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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