Hamas aceita negociações de paz entre OLP e Israel, afirma porta-voz

Segundo o primeiro-ministro palestino, governo não se envolverá nas negociações pois essa é uma atribuição da Organização para a Libertação da Palestina (OLP)

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Por Agencia Estado
Atualização:

O grupo islâmico Hamas está preparado para ingressar em novos esforços de paz com Israel como parte da nova coalizão de governo que vem sendo formada pelos palestinos, revelou nesta terça-feira (12) um porta-voz do governo liderado pela organização radical. Paralelamente, em Israel, uma corte militar ordenou a libertação de 19 políticos do Hamas. A informação vem à tona apenas um dia depois do governista Hamas ter chegado a um acordo com a facção moderada de oposição Fatah para a formação de um governo de unidade nacional. O acordo surgiu em um esforço para acabar com a crise financeira que imobilizou o Estado palestino. Os doadores internacionais cortaram a ajuda financeira à Autoridade Palestina quando o Hamas formou seu gabinete, há seis meses. O Hamas é considerado uma organização terrorista pelos países do ocidente e por Israel. Entre os 19 membros do Hamas que devem ser libertados estão ministros do gabinete palestino e legisladores presos em Israel. Promotores israelenses ainda podem impetrar recurso contra a decisão Os homens foram detidos pelo Estado judeu após a captura do soldado israelense Gilad Shalit por militantes ligados ao Hamas. Eles ficarão atrás das grades por pelo menos mais dois dias, período em a promotoria poderá apelar contra a decisão. Apesar da aparente amenização da posição do Hamas, um grupo com passado de violência que prega a destruição de Israel, choques ocorridos na manhã desta terça-feira entre soldados israelenses e militantes palestinos na Faixa de Gaza provocaram dúvidas sobre uma possível reaproximação. Os confrontos envolveram milicianos aparentemente ligados ao Hamas e soldados israelenses que invadiram o território palestino da Faixa de Gaza. De acordo com o Exército de Israel, pelo menos um de seus soldados morreu nos choques. Não há informações de vítimas entre os milicianos palestinos. Soldados israelenses operam no interior de Gaza desde o fim de junho, quando militantes capturaram o cabo do Exército. Retomada das negociações de paz Horas depois dos choques, Ghazi Hamad, porta-voz do governo do Hamas, disse que o grupo islâmico está pronto para conceder ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, do Fatah, uma chance de buscar a retomada dos esforços de paz com Israel. "Não vemos nenhum problema com relação a um diálogo de paz do governo (palestino) com Israel", afirmou Hamad em entrevista concedida em hebraico à Rádio do Exército de Israel. Um pouco mais tarde, o primeiro-ministro da ANP, Ismail Haniye, disse que o governo não se envolveria necessariamente em eventuais negociações de paz porque essa é uma atribuição da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), também presidida por Abbas. "A responsabilidade pela condução de negociações recai sobre a OLP, não sobre o governo palestino", explicou. Ao informar que o Hamas não se oporia aos esforços de paz, Hamad insistiu que seu grupo continua sem reconhecer Israel. Apesar disso, a nova coalizão de governo foi formada com base num acordo que prevê o reconhecimento implícito de Israel. Na mesma entrevista, ao responder sobre o que achava do futuro de um eventual processo de paz, Hamad disse estar "cético". O governo israelense e seus aliados ocidentais exigem que o Hamas, vencedor das eleições gerais palestinas de janeiro, seja desarmado, reconheça Israel e aceite acordos de paz fechados no passado.

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