Hamas aceitará acordos assinados com Israel, diz porta-voz

O grupo islâmico descarta, contudo, reconhecer o direito de o Estado judeu existir

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Por Agencia Estado
Atualização:

O grupo islâmico Hamas reconhecerá os acordos já assinados entre israelenses e palestinos, mas descarta, por enquanto, o reconhecimento de Israel, declarou nesta terça-feira o porta-voz do Governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Ghazi Hamad. Em declarações à rádio do Exército israelense, Hamad afirmou que o "Hamas aceitará o reconhecimento dos acordos que foram assinados com Israel no marco de um novo governo de unidade da ANP", mas ressaltou que o movimento "não reconhecerá o Estado de Israel". Apesar de o presidente palestino, Mahmoud Abbas, ter cancelado na segunda-feira uma reunião prevista para esta terça-feira, na Cidade de Gaza, com o primeiro-ministro e líder do Hamas, Ismail Haniyeh, Hamad afirmou à emissora que os dois dirigentes conseguirão superar suas diferenças sobre a formação do novo Governo de união nacional. O enviado do presidente da ANP, Rauhi Fattouh, deve chegar hoje à Cidade de Gaza para se reunir com membros do Hamas e apresentar a eles as condições para formar o Governo. Abbas cancelou a reunião com o primeiro-ministro devido a sérias divergências em torno do reconhecimento do Estado de Israel como condição para retomar o processo de paz e concretizar a criação de um Estado palestino com o respaldo internacional. Haniyeh e seu ministro de Assuntos Exteriores, Mahmoud Zahar, entre outros membros do Hamas, reiteraram nos últimos dias que não estão dispostos a reconhecer a legitimidade do Estado judeu, fundado em 1948 "em terras sagradas da Palestina islâmica". A imprensa palestina considera que Abbas cancelou as reuniões com o Hamas em Gaza porque suas decisões são adotadas em Damasco, a capital da Síria, onde reside o líder máximo político do movimento, Khaled Mashaal. Há duas semanas, Abbas e Haniyeh, com o objetivo comum de colocar fim a uma grave crise econômica devida ao boicote internacional contra o Executivo do Hamas, anunciaram que chegaram a um acordo para constituir um Governo de unidade "em 48 horas", o que não foi feito. A comunidade internacional, representada pelo Quarteto de Madri - Estados Unidos, União Européia, ONU e Rússia -, exige do Hamas que se desarme, reconheça o Estado judeu para poder promover o processo de paz e que respeite os acordos assinados com Israel. Devido ao boicote financeiro à ANP, o Governo de Haniyh não pode pagar os salários de 165 mil funcionários públicos há sete meses, o que quase diariamente origina violentas manifestações populares.

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