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Hamas acena em direção de trégua; palestinos mortos já passam de mil

Conversações avançam no Egito, apesar da divisão do grupo; disparos de foguete do Líbano atingem norte israelense

Por Gustavo Chacra
Atualização:

O Hamas estaria próximo de aceitar a proposta de cessar-fogo do Egito, mas, segundo integrantes do grupo no Cairo, o plano ainda precisa de ajustes e há indícios de que líderes da linha dura da facção estejam resistindo a aceitar uma trégua. Em Israel, há também divergências. O premiê, Ehud Olmert, defende a continuação da ofensiva, enquanto o ministro da Defesa, Ehud Barak, e chanceler, Tzipi Livni, dizem que é melhor aceitar uma trégua antes que comecem a ocorrer mais baixas no lado israelense. Leia mais no blog de Gustavo Chacra De todo modo, os acenos na direção de uma trégua se tornaram mais claros ontem, mesmo dia em que o total de mortos palestinos na ofensiva de Israel ultrapassou 1 mil. Diferentes fontes chegaram a confirmar e negar que o Hamas tivesse concordado em suspender os ataques com foguetes contra Israel, que ainda ainda não aceitou suspender a ofensiva em Gaza, iniciada no dia 27. O ministro das Relações Exteriores do Egito, Ahmed Aboul Gheit, tinha dito que o Hamas dera uma "resposta positiva" para a iniciativa e a posição seria apresentada hoje aos israelenses. Horas antes, o chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, afirmou que o cessar-fogo havia sido aceito. Mais tarde, a informação foi desmentida. Salah al-Bardawil, um dos negociadores do Hamas, disse que há "divergências sobre como lidar com o inimigo sionista". Em Beirute, Osama Hamdan, um dos principais líderes da organização no exílio, disse que "ainda há muitos pontos de divergência na proposta". Khaled Meshaal, principal líder do Hamas, que vive exilado em Damasco, não fez comentários, assim como outras autoridades em Gaza. As divisões no Hamas são claras. Analistas dizem que o braço militar do grupo estaria atuando com grande autonomia. A organização exige que os Israel suspenda os ataques, retirem as tropas e levantem o bloqueio ao território. Israel, por seu lado, exige que o Hamas pare de lançar foguetes contra o sul do país e pede garantias à comunidade internacional e aos egípcios de que o contrabando de armas pelos túneis na fronteira com Egito acabará. No Cairo, a expectativa é de que uma trégua - ainda que provisória e com vigência de dez dias - seja alcançada até o fim de semana. À margem da movimentação diplomática, as ações militares prosseguiram ontem. Três foguetes Katiushas foram lançados do território libanês contra cidade de Kyriat Shmona, em Israel. Os ataques não deixaram vítimas e Israel respondeu com disparos contra o local de onde teriam partido os foguetes. O Hezbollah negou envolvimento na ação. Israel disse que uma de suas patrulhas também foi atacada a tiros ontem na fronteira com a Jordânia. Em Gaza, autoridades da área de saúde ligadas ao Hamas informaram que exatos 1.035 palestinos foram mortos e 4.700 feridos desde o início da ofensiva. Um centro palestino de direitos humanos informou que 670 são civis. Nos 19 dias de ofensiva, três civis e dez soldados israelenses foram mortos - quatro deles por fogo amigo. Ontem, o Exército de Israel afirmou que os bombardeios aéreos atingiram 35 túneis e um quartel do Hamas. Um ataque atingiu também um cemitério palestino (mais informações nesta página) e os israelenses disseram ter impedido um ataque com um homem-bomba, disparando contra ele antes que se aproximasse do grupo de soldados. ''SOLIDARIEDADE'' BOLIVARIANA Ainda ontem, os governos da Bolívia e da Venezuela anunciaram o rompimento de relações diplomáticas com Israel em "solidariedade" com os palestinos. Na semana passada, os governos de Evo Morales e Hugo Chávez tinham expulsado os embaixadores israelenses de suas capitais.

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