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Hamas condiciona Governo a adoção de "Documento dos prisioneiros"

Texto é uma proposta de paz formulada há meses por dirigentes do Fatah e representantes do Hamas reclusos em uma prisão israelense

Por Agencia Estado
Atualização:

O deputado e porta-voz do Movimento de Resistência Islâmica Hamas, Mushier al-Masri, condicionou nesta segunda-feira a formação de um Governo palestino de unidade com o Fatah à adoção do chamado "Documento dos prisioneiros". "Todas as facções palestinas se puseram de acordo em torno desse documento, pois não inclui o reconhecimento da ocupação e mantém os princípios nacionais", afirmou Masri às vésperas do reatamento das negociações para formar um Governo de unidade. O porta-voz do Hamas replicou assim o deputado Saeb Erekat, do Fatah, negociador da Autoridade Nacional Palestina (ANP) com Israel, que advertiu no domingo que a comunidade internacional não reconhecerá o Governo de unidade se este por sua vez não reconhecer Israel. O presidente da ANP, Mahmoud Abbas, líder do Fatah, e o primeiro-ministro, Ismail Haniyeh, do Hamas, voltarão a reunir-se em Gaza, mas ainda não foi divulgado quando será o encontro. Abbas acusou no sábado, no Cairo, o Hamas de frustrar a criação do gabinete de união nacional após ter anunciado há duas semanas, junto com Haniyeh, que o formariam "em 48 horas". O "Documento dos prisioneiros" é uma proposta de paz formulada há meses por dirigentes do Fatah, entre eles Marwan Barghouthi, e representantes do Hamas reclusos em uma prisão israelense. O Hamas assegura que esse documento não reconhece Israel, e por isso o adota como base para a plataforma do novo Governo de unidade. "O Documento diz que os direitos do povo palestino não expiram jamais, e que a ocupação não é legítima", precisou Masri. A expressão "ocupação" não se refere somente às regiões palestinas ainda sob controle de Israel desde a "Guerra dos Seis Dias", de 1967, mas a todo o seu território, considerado pelo Hamas parte integral da "Palestina islâmica". Um assessor do presidente Abbas, Abdel Abed Rahman, manifestou aos jornalistas palestinos que, se o Hamas continuar sustentando esses princípios, "não poderá liderar nenhum Governo palestino". Por sua parte, o ministro de Assuntos Exteriores da ANP, Mahmoud Zahar, do Hamas, declarou à emissora de TV "Al Arabiya" que o "Hamas não está disposto a agradar o Ocidente" reconhecendo o estado de Israel, membro da ONU. Se as tentativas para concretizar a plataforma de um Governo de Unidade voltarem a fracassar, Abbas está facultado por lei a dispersar o atual Governo do Hamas. Mas se outro Governo for formado em seu lugar, terá de conseguir o voto de confiança do Conselho Legislativo, onde os fundamentalistas contam com folgada maioria.

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