Hamas e Fatah se reunirão para resolver divergências

Crise começou com o fracasso das negociações pela criação de um governo de unidade nacional e a intenção de antecipar as eleições presidenciais e legislativas

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, líder do nacionalista Fatah, e o primeiro-ministro da Jordânia, Ismail Haniyeh, a cargo do movimento islâmico Hamas, devem se reunir na próxima semana em Amã para tentar resolver a crise política entre os dois. A reunião foi anunciada nesta quarta-feira pelo vice-primeiro-ministro da ANP, Nasser al Sha´er, em Gaza, e o assessor político de Haniyeh, Ahmad Yousef, em Ramala, na Cisjordânia. Haniyeh, que peregrinou na semana passada a Meca, na Arábia Saudita, por ocasião da festividade muçulmana do Eid al-Adha, deve retornar na quarta-feira à Faixa de Gaza, pelo Egito, se a passagem de Rafah for aberta. A porta-voz dos funcionários da União Européia (UE) que supervisionam o trânsito de pessoas e mercadorias em Rafah, María Tellería, disse à Efe que "muito provavelmente a passagem será aberta na quinta-feira, mas oficialmente não temos nenhuma notícia". A passagem foi fechada pelos funcionários da UE em protesto contra o descumprimento do acordo que transferiu a supervisão do posto ao bloco por parte de Haniyeh e sua comitiva, que cruzaram a fronteira a caminho do Egito sem apresentar documentos e vistos. Esse problema "foi analisado e avaliado" pelos responsáveis europeus, "mas não se apresentou uma queixa oficial" à ANP, afirmou a porta-voz. Segundo Tellería, a passagem poderá ficar aberta durante cinco dias para o retorno dos palestinos que viajaram para Meca para cumprir o hajj, a peregrinação que todo muçulmano deve realizar pelo menos uma vez na vida. Para viajar a Amã, já que é impedido de atravessar o território de Israel, o primeiro-ministro Haniyeh terá que voltar a sair de Gaza pela passagem de Rafah, cuja abertura também depende das autoridades israelenses, segundo o acordo com a UE. A crise entre o chefe do governo e o presidente da ANP se desencadeou quando Abbas admitiu, em dezembro, seu fracasso nas negociações com Haniyeh para formar um governo de união nacional e anunciou a intenção de antecipar as eleições presidenciais e legislativas. As últimas eleições em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental foram realizadas há pouco menos de um ano, e o Hamas conseguiu uma ampla vitória e uma folgada maioria no Conselho Legislativo palestino, motivo pelo qual Haniyeh rejeita plenamente a antecipação das eleições e insiste em um governo de unidade. O presidente Abbas, cujo anúncio também desencadeou sangrentos confrontos entre milicianos do Hamas e do Fatah, nos quais morreram cerca de 20 combatentes e civis, ainda não fixou a data para as próximas eleições e, segundo analistas palestinos, "não fechou as portas" para uma coalizão com Haniyeh e seu movimento.

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