Hamas impede fechamento de muro

Egito começa a fechar fronteira com Faixa de Gaza, mas militantes destroem mais trechos da barreira em Rafah

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Por AP , REUTERS , EFE e AFP
Atualização:

O Egito começou ontem a fechar os trechos de sua fronteira com a Faixa de Gaza que tinham sido destruídos na quarta-feira. No entanto, militantes palestinos usaram escavadeiras para abrir novas brechas na barreira e guindastes para transportar mercadorias e até animais por cima de muro, desafiando as autoridades egípcias. Uma multidão de palestinos aplaudiu quando militantes com escavadeiras começaram a destruir vários trechos de concreto e arame farpado. Em uma cena transmitida por tevês de todo o mundo, os policiais egípcios observavam a distância, enquanto centenas de palestinos entravam no Egito. As forças de segurança egípcias haviam advertido por alto-falantes que a fronteira seria totalmente fechada às 15 horas locais (10 horas de Brasília). Mas, uma hora e meia depois, segundo a agência EFE, as forças egípcias e todos os veículos blindados enviados à fronteira começaram a retirar-se, enquanto homens armados palestinos - dizendo ser membros do grupo islâmico Hamas, que controla o território, e de seu braço armado, as Brigadas Izzedine al-Qassam - os substituíam. Pela manhã, os policiais egípcios formaram uma cerca humana para impedir a entrada de moradores de Gaza, na tentativa de fechar gradualmente a fronteira. Depois de serem atacados a pedradas por palestinos, os policiais usaram escudos, bastões e jatos d?água para conter a multidão. Em entrevista publicada ontem pelo semanário egípcio Al-Osboa, o presidente Hosni Mubarak disse que a situação em Gaza "é inaceitável" e pediu que Israel levante o bloqueio que impôs na semana passada ao território. O Egito enfrenta um grande dilema. Não quer ser visto como um colaborador do bloqueio israelense, mas teme a influência do radicalismo do Hamas em seu território e um dilúvio de palestinos ilegais. A abertura da fronteira com o Egito permitiu que os moradores de Gaza comprassem suprimentos no lado egípcio da cidade de Rafah. Israel fechou suas passagens fronteiriças com Gaza no dia 17, em represália pelos ataques com foguetes lançados contra cidades israelenses. Na semana passada, militantes palestinos dispararam cerca de 200 foguetes contra Israel, sem deixar vítimas. As autoridades israelenses responderam lançando ataques que deixaram, até ontem, 40 palestinos mortos. Sob forte pressão internacional, Israel amenizou o bloqueio na terça-feira, permitindo a passagem de combustível para a usina elétrica palestina, alimentos, remédios e gás de cozinha. Na entrevista ao semanário, Mubarak pediu ao Hamas e ao Fatah - partido do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas - que resolvam suas diferenças e convidou os dois lados para conversações no Cairo. Ao desafiar os esforços do Egito para fechar suas fronteiras, o Hamas espera obter do governo egípcio a garantia de que terá participação em um futuro acordo para controlar as passagens, disseram ontem fontes do partido radical islâmico. Segundo funcionários israelenses, Abbas - cuja autoridade é limitada à Cisjordânia - se reunirá amanhã com o premiê de Israel, Ehud Olmert, em busca de apoio para retomar o controle das fronteiras dos territórios palestinos e prosseguir com as conversações de paz. Na madrugada de ontem, Israel matou quatro militantes num ataque aéreo em Rafah. Na Cisjordânia, soldados israelenses mataram um adolescente palestino que atirava pedras contra eles.

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