Hamas repudia apoio da Al-Qaeda

Um líder do Hamas, Mahmoud Zahar, reagindo ao discurso da Al-Qaeda, disse que seu grupo foi eleito graças a uma abordagem moderada do islamismo

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Por Agencia Estado
Atualização:

Representantes do grupo extremista palestino Hamas, que recentemente venceu as eleições para o Parlamento palestino, repudiou neste domingo o apoio oferecido pelo segundo em comando da rede terrorista Al-Qaeda. O Hamas informa que tem uma ideologia diferente da Al-Qaeda e que conquistou os votos dos palestinos graças a uma visão moderada do islamismo. Em um vídeo exibido no sábado pela rede de televisão Al-Jazira, o principal auxiliar de Osama bin Laden, Ayman al-Zawahri, convocou uma "guerra santa" pela reconquista da Palestina e deixou implícito o apoio da rede terrorista ao Hamas, que desde que venceu a eleição se vê sob forte pressão internacional para reconhecer o Estado de Israel. Um representante do Hamas na Faixa de Gaza, falando sob condição de unanimidade - já que o movimento não quer oferecer uma resposta oficial ao pronunciamento de Zawahri - disse: "O Hamas acredita que o Islã é uma completamente diferente da ideologia do senhor Zawahri". "Nossa batalha é contra a ocupação israelense e nossa única preocupação é restaurar nossos direitos e servir ao nosso povo. Não temos laços com nenhum grupo ou elemento fora da Palestina". O Hamas está montando um novo governo palestino, depois de derrotar nas urnas o Fatah, movimento do falecido líder Yasser Arafat, e que dominava a política palestina há quatro décadas. O Hamas não aceita a presença de um Estado israelense no Oriente Médio e, ao longo dos anos, já deflagrou dezenas de atentados suicidas contra Israel. Os EUA e a União Européia vêem o Hamas como uma organização terrorista. No vídeo divulgado ontem, Al-Zawahri queixou-se de que a liderança palestina anterior "vendeu a Palestina" ao firmar acordos de paz com Israel. Um líder do Hamas, Mahmoud Zahar, reagindo ao discurso de al-Zawahri, disse à Al-Jazira que o grupo foi eleito graças a uma abordagem moderada do islamismo, que não se compara às táticas sectárias da Al-Qaeda. "Não somos um movimento que rotula os outros de infiéis e os abandona. Somos um movimento que vive as realidades do povo e usa sabedoria... para levá-lo ao Islã", disse ele.

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