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Hatoyama aponta Fujii como ministro das Finanças do Japão

Desafio será reduzir prejuízos à economia do país sem deteriorar a situação fiscal, a pior entre os desenvolvidos

Por Agência Estado
Atualização:

Após ser confirmado pela Câmara Baixa como novo primeiro-ministro do Japão, o líder do Partido Democrático do Japão (PDJ), Yukio Hatoyama, nomeou nesta quarta-feira, 15, seu gabinete. O futuro ministro das Finanças, conforme esperado, será Hirohisa Fujii, de 77 anos, que já ocupou o posto no início dos anos 1990.

 

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O ex-líder do PDJ Naoto Kan, de 62 anos, foi apontado para chefiar o recém-criado Escritório Estratégico Nacional, encarregado de auxiliar na formulação de importantes políticas, como o orçamento e as diretrizes de política externa. Katsuya Okada será o ministro de Relações Exteriores, e outro ex-presidente do PDJ, Seiji Maehara, será o ministro de Terras e Transporte.

 

Economia

 

Fujii deve tomar medidas para melhorar a economia japonesa, mesmo que isso signifique demorar mais para reduzir a grande dívida pública e possivelmente mesmo contrair novos débitos.

 

Em uma entrevista mais cedo nesta semana, antes de ser oficialmente confirmado, Fujii afirmou que priorizaria o crescimento econômico diante da reforma fiscal. Ele também deu pistas de que o PDJ pode estabelecer novas medidas de estímulo, caso a economia se enfraqueça - mesmo que isso requeira emissão de novos bônus. "Nós certamente não devemos perder de vista a possibilidade de uma segunda etapa de forte contração", após a recuperação em abril-junho, disse Fujii na segunda-feira.

 

As exportações para China e Índia voltaram a ganhar força, mas o investimento em negócios no Japão permanece fraco e "as condições de salário e emprego são consideradas em seu pior momento na era pós-guerra", notou Fujii, complementando que isso "certamente terá impacto no gasto dos consumidores".

 

As declarações sugerem que, apesar de Hatoyama insistir que as promessas do PDJ serão tomadas sem novas dívidas, o foco da nova administração será na garantia de que a economia não piore muito.

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Caso a economia se retraia mais, o governo do PDJ poderia emitir mais títulos, apesar dos temores sobre como isso pode piorar a já ruim situação fiscal japonesa. A dívida pública do Japão é equivalente a 170% do Produto Interno Bruto (PIB) - a pior relação no mundo industrializado. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que esse dado suba para a casa dos 200% no ano que vem.

 

"Se você me permite resumir, ainda que a reabilitação fiscal seja importante, ela vem depois do crescimento econômico", disse Fujji na entrevista. "Não há dúvida que, a menos que a economia se recupere em alguma medida...nosso estado fiscal nacional se tornará ainda pior."

 

Fujii afirmou que, caso a economia perca força, o novo governo pode desistir de alguns pontos considerados pelos novos líderes ineficientes, no pacote de estímulo da administração anterior, estimado em 15,4 trilhões de ienes. Com isso, seria poupado dinheiro para outras ações.

 

Ainda segundo o novo ministro, caso a economia exija mais dinheiro, "é possível" que o governo venda mais títulos para levantar o valor. Isso poderia gerar dúvidas sobre o compromisso de Hatoyama de limitar a emissão de títulos do governo, já estimada em um recorde de 44 trilhões de ienes no ano fiscal que termina em março. A linha seguida por Fujii, contudo, está de acordo com a de outros ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais de outras nações do G-20. Em um encontro mais cedo neste mês, as autoridades concordaram, em Londres, que ainda é cedo para começar a retirar medidas tomadas para combater a crise.

 

Fujii deve trabalhar ao lado de Naoto Kan, nomeado ministro do recém-criado Escritório Estratégico Nacional, para realocar dinheiro do antigo pacote de estímulo, enquanto projeta o orçamento para o próximo ano fiscal.

 

Nesse processo, eles devem realocar 7,1 trilhões de ienes para o ano fiscal de 2010, a fim de estimular o consumo. O custo dessas medidas aumentaria para 16,8 trilhões de ienes por ano, no ano fiscal começando em 2013.

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