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Helio Gurovitz: Um novo escândalo dos estudos ‘fake’

Três pesquisadores se dedicaram a desmascarar a ideologia que cerca publicações em áreas como estudos culturais, de gênero ou identitários, chamados por eles de “estudos de queixumes”

Atualização:

O físico Alan Sokal escandalizou o mundo acadêmico em 1996, ao publicar de propósito um artigo fajuto numa revista de ciências humanas sobre aspectos sociais da gravidade quântica. O experimento de Sokal foi repetido em larga escala por três pesquisadores, na tentativa de desmascarar a ideologia que cerca publicações em áreas como estudos culturais, de gênero ou identitários, chamados por eles “estudos de queixumes”.

Da esquerdapara a direita,James Lindsay, Helen Pluckrose e Peter Boghossian, pesquisadores que se dedicaram a desmascarar a ideologia por trás de estudos na área de Humanas Foto: Mike Nayna

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“Esperamos que isso dê, a quem acredita em liberdade, progresso, modernidade, investigação aberta e justiça social, uma razão para enxergar a loucura identitária que tem saído da esquerda ativista acadêmica”, escreveram Helen Pluckrose, James Lindsay e Peter Boghossian. Dos 20 artigos que submeteram a revistas especializadas, 7 foram aceitos após revisão pelos pares, 6 rejeitados, e 7 seguiam o trâmite regular, quando interromperam o experimento. Motivo: jornalistas suspeitaram de um estudo que investigava a “cultura do estupro” em parques e postulava o adestramento de homens como cães.

Outro artigo defendia que, para reduzir a homofobia, homens praticassem masturbação anal. Um terceiro, rejeitado, sustentava que se masturbar pensando numa mulher sem consentimento dela é uma forma de violência sexual. Havia estudos em prol da astrologia e da inteligência artificial “feministas”. Uma publicação aceitou um capítulo de Minha Luta, de Adolf Hitler, reescrito para defender um certo “feminismo solidário”.

O objetivo dos estudos fake, dizem os três, é levar as instituições acadêmicas a reafirmar o compromisso com o rigor e o apartidarismo. “Fazemos isso por acreditar na universidade, na academia rigorosa, na busca do conhecimento científico e na importância da justiça social.”

Economistas fraudavam pareceres pró-fusão

Não é só a esquerda ativista que põe em risco a credibilidade da academia. A ProPublica revelou há dois anos que a Compass Lexecon, de economistas da Universidade de Chicago contratados para convencer autoridades do governo a aprovar a fusão de grandes empresas, elaborava estudos fajutos subestimando riscos ao consumidor.

Democracia aumenta PIB  per capita em 20% Persiste felizmente a pesquisa séria. Economistas liderados por Daron Acemoglu, do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), publicaram no último Journal of Political Economy um estudo comprovando que a democracia favorece o crescimento. No longo prazo, dizem, aumenta o PIB per capita em 20%.Chip espião fortalece tarifas de Trump A revelação, pela Bloomberg BusinessWeek, de que militares chineses implantaram minúsculos chips espiões em placas de servidores SuperMicro, usados em empresas como Amazon ou Apple, dá força à argumentação do governo Donald Trump em favor das tarifas  contra a China. As placas foram produzidas em fábricas terceirizadas chinesas, cuja produção Trump gostaria de trazer de volta aos Estados Unidos. A China nega envolvimento.Novata do Vale do Silício abraça tecnologia militar Enquanto funcionários de Google, Microsoft e Amazon protestam contra a participação dessas empresas em iniciativas militares e de vigilância nas fronteiras, uma novata do Vale do Silício abraça o uso de sua tecnologia pelo Exército. A Hivemapper desenvolveu sistemas de inteligência artificial capazes de identificar movimentos inimigos em vídeo de modo mais rápido e eficaz que o olho humano.

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Metade do planeta fora da pobreza Mais da metade da população global já vive fora da pobreza, segundo estimativa do World Data Lab. Desde setembro, 3,8 bilhões integram as categorias “ricos” e “classe média”, definida como quem pode comprar bens duráveis como motocicletas, geladeiras ou máquinas de lavar; ir ao cinema; tirar férias e resistir a choques econômicos. Hoje com 3,6 bilhões, a classe média deverá somar mais 1,7 bilhão até 2030, como mostra a tabela.

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